O PT já está isolado no cenário nacional. O fato de não ter conseguido fazer uma ampla aliança para disputar a Presidência da República, já foi uma demonstração do pouco apreço que tem hoje da grande maioria das lideranças partidárias. Ciro Gomes não tem encontrado barreiras no seu trabalho de unir políticos, antes próximo aos petistas, para fazer oposição ao Governo do presidente Jair Bolsonaro, a partir de janeiro próximo, isolando o PT.

As bases dessa oposição estão fincadas. Se mantida a promessa do próximo presidente, de não cooptar políticos, acabando a velha negociação da troca de apoio por cargos, o grupo oposicionista será significativo, mesmo persistindo a atração governista da maioria dos que conquistam mandatos eletivos. Não está sendo difícil deixar os petistas sem o protagonismo que sempre tiveram no cenário nacional nos últimos anos.

Não será surpresa, mantido o quadro atual, de alguns filiados ao PT trocarem de partido. O comportamento de lideranças nacionais na disputa presidencial última  contrariou a vários deles, quando afastou velhos e tradicionais aliados de outras siglas, deixando Fernando Haddad, o escolhido unicamente por Lula para ser o candidato do partido, praticamente só após todo o desgaste forçado pelo próprio ex-presidente, preso, por conta de condenação criminal.

Aliás, ontem, a senadora Marta Suplicy, que por muitos anos conquistou mandatos filiada ao PT, ao responder uma indagação sobre “que papel Lula teve nesta eleição”, disse que foi “Tétrico. Ele focou na pessoa dele e escanteou de forma vil o Ciro Gomes, que era a candidatura com a qual as esquerdas poderiam talvez ter tido alguma chance. Eu própria votei no Ciro, porque achei que ele tinha o melhor discurso. Mas o Lula não permitiu isso. Ali ele selou o destino das esquerdas”, concluiu, não sem antes ressaltar o discurso de Cid Gomes, cobrando um pedido de desculpas do partido que “fez muita besteira”.

Os pedetistas estão gostando deste momento. Eles esperam aproveitar o embalo do Ciro, e aumentar o número de filiados ao partido, olhando para a próxima disputa municipal, quando esperam  ter o maior número de candidatos nas capitais e em cidades com mais de 50 mil eleitores. Para não repetir o comportamento do PT, guardarão espaços para as alianças com as siglas do arco oposicionistas.