Roseno respondeu a críticas feitas por parlamentares ligados ao agronegócio. Foto: ALCE

Em sua participação na sessão ordinária desta quarta-feira (08), o deputado Renato Roseno (PSOL) criticou pedidos de anulação de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) feitos por parlamentares ligados ao agronegócio. De acordo com ele, o questionário mostrado na prova aplicada no domingo passado revelam a realidade do setor produtivo, como desmatamento e uso de agrotóxicos em lavouras.

“Quero fazer a defesa do Enem como o sistema de educação mais inclusivo que existe. Tanto o é que vai desde a família do estudante até o prefeito que libera o ônibus e o governador do Estado. É uma das etapas da sociedade brasileira que mais mobiliza setores sociais. Ela é feita de maneira objetiva. Há um banco de quesitação, composto por um painel de especialistas. Isso para nós é fundamental”, disse o socialista.

Segundo ele, a bancada do agronegócio, “do latifundiário”, quis impugnar o Enem, porque houve três quesitos discorrendo sobre desmatamento. Em sua avaliação, “o mundo inteiro sabe que o desmatamento não se dá por obra e graça do nada. É sobre o avanço da atividade do agronegócio, que desmata em razão da exportação de commodities. Isso é uma realidade factual”.

Ainda de acordo com o parlamentar, o desmatamento é patrocinado por algumas atividades econômicas, como criação de gado. “O setor do agronegócio, inclusive, reconhece isso. Na questão 57 fala de grilagem. O Brasil criou uma palavra chamada ‘grilagem’. E isso ainda é feito. Esta estratégia ultraconservadora da bancada do agro, está contra milhões de estudantes do Brasil que fizeram o Enem”, disparou.

Roseno afirmou que a ala do agronegócio não tem projeto para o Brasil e se incomoda com a verdade factual. “A grilagem aumenta o desmatamento e o desmatamento é causado pelo aumento da cultura da soja e do corte para a exportação. Tudo isso está registrado na realidade fática”. Na terça-feira (07), a deputada Dra. Silvana (PL) criticou a aplicação da prova do Enem e defendeu o agronegócio.

“O processo colonial foi um processo de genocídio. Não há dúvida sobre isso. Os bandeirantes eram remunerados pelo número de mortos e escravizados. Antes disso houve o genocídio pela transmissão intencional de doenças. Inclusive, há registros de que houve transmissão intencional de doenças. O estupro em larga escala como forma autorizada de etnocídio”, apontou Roseno sobre outra questão criticada por alguns parlamentares.

Economia

“A questão 81 do Enem mostra que o aumento da monocultura conflita com a agricultura familiar. Óbvio que são dois modelos que se conflitam. Esses três elementos colocados, nenhum é de ordem ideológica, no sentido de disputa narrativa. São verdades factuais. Aqui, são verdades incontestes. Me parece que esse setor do grande agronegócio está contra os estudantes, contra a educação brasileira. O agro não é pop e nem é tech. Ele é um dos setores concentradores. Quem está impugnando os ítens do Enem, está contra o estudante do ensino médio”.

Para o deputado Missias Dias (PT), o agronegócio é o setor da economia que mais desmata, mais envenena o solo e a água dos brasileiros. “O agronegócio recebeu neste ano um montante de R$ 4 bilhões, R$ 77 milhões foram para a agricultura familiar. Agora, o agronegócio é financiado pelo Governo brasileiro. Deveria questionar é o que faz errado para prejudicar a vida das pessoas”.

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