Capitão Wagner durante visita de Jair Bolsonaro ao Ceará. Foto: Reprodução/Instagram

A exemplo do que aconteceu em 2020, quando Capitão Wagner (UB) tentou esconder sua parceria com o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições de Fortaleza, neste ano a tática não deve ser diferente e o pretenso postulante tende a desvincular sua campanha da imagem do chefe do Executivo Federal, temendo que isso afete seu desempenho nas urnas. Pelo menos é o que aliados do oposicionista esperam e até já o orientaram a se distanciar de Bolsonaro, cada vez mais desgastado, principalmente, no Nordeste e em especial no Ceará, que tem no ex-presidente Lula a figura política mais representativa.

Durante evento do União Brasil no sábado passado, Wagner já sinalizou como deve ser a campanha nos próximos meses, ressaltando que “o lado de lá”, ou seja, a base governista no Ceará, deve “nacionalizar” o debate eleitoral. Ele, porém, afirma que tratará sobre os problemas específicos do Estado.

“O meu foco é o Estado do Ceará. Como é que eu vou debater e discutir o cenário nacional, se tem 61% dos cearenses vivendo na extrema pobreza, se tem 700 mil jovens que nem trabalham e nem estudam, se tem uma violência crescente”, disse o parlamentar. Em 2020, Jair Bolsonaro afirmou que apoiava Wagner na disputa eleitoral em Fortaleza. O presidente já sinalizou novo apoio ao pretenso postulante no pleito deste ano.

Capitão Wagner já está prevendo o que deve acontecer caso Bolsonaro continue a estar envolvido em situações que prejudiquem ainda mais sua imagem perante a opinião pública e eleitorado. Ele tem, a priori, em seu favor, o fato de o PL do Ceará estar se articulando para lançar candidatura própria, o que desobrigaria o pretenso candidato de estar no mesmo palanque que o presidente.

No entanto, o desejo do parlamentar é que PL e UB estejam unidos no Ceará, devido o tempo de rádio e televisão que teria, além da possibilidade de mais recursos para a campanha. Wagner, porém, alega que, por enquanto, sua coligação no Ceará tem quatro pré-candidatos a presidente, que merecem o respeito e atenção de sua postulação.

Adversários

Mas o parlamentar tem razão em se preocupar com as investidas de seus adversários sobre seu alinhamento com Bolsonaro, porque certamente é isso o que deve acontecer. Aliás, isso já vem acontecendo durante as sessões ordinárias nas duas principais casas legislativas do Estado, na Assembleia e Câmara Municipal de Fortaleza.

A intenção da base aliada no Estado é aproveitar o baixo desempenho eleitoral de Bolsonaro no Ceará e tentar colar a imagem desgastada do presidente da República à de Wagner. A estratégia, inclusive, deve ser ampliada no decorrer do pleito eleitoral deste ano.