Em 2018, o então governador Camilo Santana chegou a defender a candidatura de Ciro em detrimento do nome petista. Isso não se acontecerá em 2022. Foto: Divulgação

Como ficou acertado, na última segunda-feira, no final do encontro do presidente estadual do PDT, deputado federal André Figueiredo, Ciro Gomes e os deputados federais e estaduais do partido, nesta quarta-feira André e o deputado Evandro Leitão vão procurar conversar com o ex-governador Camilo Santana (PT) sobre o movimento de escolha do candidato do PDT à sucessão estadual que será apresentado aos partidos aliados depois da próxima segunda-feira (18), data limite para a escolha do nome definida pelo próprio partido.

Quando ficou acertado que os dois iriam procurar Camilo, Ciro já não mais estava na reunião, segundo disseram alguns dos participantes. E o encontro não teria acontecido na mesma segunda-feira (11), em razão da viagem de André para participar da sessão do Congresso Nacional e a necessidade de hoje (12) estar em Brasília para o encontro de dirigentes do PDT que definiria as datas das convenções partidárias, nos diversos estados brasileiros, de forma a compatibilizar o calendário de viagens de Ciro para participar dessas convenções.

A crise na base governista, ao que tudo indica, não tem data para parar. Ainda que o grupo político liderado por Ciro e Cid Gomes defina o nome que vai representar os aliados na próxima segunda-feira (18), o racha já está instalado e será difícil de ser contornado. Na tarde de segunda-feira (11), enquanto os membros do PDT buscavam demonstrar um pouco de unidade junto à liderança local, o ex-governador Camilo Santana se reunia com a pré-candidata do PSOL, Adelita Monteiro, que defende palanque para o ex-presidente Lula no Ceará.

Adelita Monteiro defende a unidade do campo de esquerda no Ceará em favor do nome do líder petista e contra o avanço do bolsonarismo no Estado. Ela já chegou a dizer que o PSOL está disposto a dar palanque a Lula caso o Partido dos Trabalhadores não tenha um candidato ao Governo do Estado. A proximidade de Camilo Santana com a socialista demonstra cada vez mais o distanciamento do ex-governador com Ciro Gomes.

Em 2018, Camilo Santana chegou a defender que o PT desistisse de apoio ao nome de Lula e que apostasse na então em uma candidatura de Ciro Gomes, isso porque o líder petista havia sido condenado e preso pela Operação Lava Jato. Á época, o ex-governador foi criticado e pressionado por seus correligionários a declarar apoio a Lula. No primeiro turno da campanha, quando Fernando Haddad foi escolhido o candidato do Partido dos Trabalhadores, o ex-chefe do Poder Executivo do Estado ficou dividido entre dois palanques, o que não vai acontecer em 2022.

Em suas redes sociais, Camilo Santana afirmou que a conversa foi sobre o cenário político do Ceará e Brasil. “O diálogo com respeito e transparência é sempre muito importante”, destacou o petista. Em nível nacional, a coligação que apoia a pré-candidatura de Lula é composta por PT, PV, PCdoB, PSB, SD, Rede e PSOL de Adelita Monteiro.

Tive uma ótima conversa com o ex-governador, onde pudemos debater o cenário da política nacional e estadual. Compreendemos a importância de fortalecer a unidade da esquerda, do campo progressista, para que a gente consiga derrotar o bolsonarismo nacionalmente como no Estado. Consolidar a nossa unidade na construção do palanque para o presidente Lula no Ceará, para que a gente possa garantir a vitória no primeiro turno”.

“Com esse sentimento de fortalecimento de igualdade e grande política que vamos fortalecer a candidatura do Lula para que todos tomem as decisões que sejam as melhores para o povo cearense” – (Adelita Monteiro)

Segundo Adelita, ela faz parte da oposição ao Governo Izolda Cela, assim como o foi na gestão Camilo Santana. No entanto, destacou ser necessário reconhecer a conduta do ex-governador durante a pandemia do coronavírus. “Salvou a vida de milhares de cearenses e se contrapôs ao negacionismo do presidente da República, que se preocupou em não comprar vacina, disseminar fake news, enquanto o povo brasileiro morria”.