Senador Tasso Jereissati (PSDB), e a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Foto: Agência Senado

O MDB homologou o nome da senadora Simone Tebet, em convenção nesta quarta-feira (27), para disputar o cargo de presidente da República. O partido está coligado com a Federação formada pelo PSDB e o Cidadania, que deve indicar a candidata ou o candidato a vice-presidente. Desde quando a senadora foi apontada como postulante ao cargo, o senador Tasso Jereissati passou a defender uma união dos partidos contrários à polarização entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula em torno do nome de Simone, inclusive o seu partido, o PSDB, que ainda tinha como candidato a presidente, à época, João Doria, o ex-governador de São Paulo.

E Tasso, com esse movimento em defesa da candidatura de Simone, passou a ser apontado como o candidato a vice-presidente. Ele nunca estimulou esse discurso, mas já se sabia que não era sua pretensão ser vice, pois havia rejeitado a ideia de ser o próprio candidato pelo PSDB, quando desistiu de disputar as prévias para apoiar o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado por Doria. Tasso também não queria a candidatura de Doria, chegando ao ponto de, num determinado momento em que Doria tinha a candidatura praticamente irreversível, registrar sua insatisfação com o partido ao afirmar que ele (PSDB) está hoje muito diferente do que quando foi criado.

Em mais de uma oportunidade falamos do não interesse do cearense em participar da disputa presidencial, embora fosse um defensor de alianças em torno de um nome para enfrentar o atual e o ex-presidente. Não logrou êxito em suas investidas. E dificilmente alguém seria bem sucedido no costurar de uma ampla aliança. É muito grande o individualismo dos que almejam ser presidente da República, mesmo diante de uma realidade que permite a todos entender ser difícil, muito difícil mesmo furar o bloqueio formado pelas candidaturas de Lula e Bolsonaro. Hoje, pelas pesquisas conhecidas, o terceiro colocado que é o cearense Ciro Gomes, está muito distante do segundo, Bolsonaro. E nós já estamos a pouco mais de dois para o primeiro turno de votação.

Faltam dez dias para o encerramento das convenções partidárias, e só Lula e Bolsonaro, dos postulantes realmente conhecidos, têm candidatos a vice. Ciro Gomes e Simone Tebet, esta com apenas 2 pontos nas pesquisas, ainda não conseguiram formar a chapa, uma prova da falta de espírito público das lideranças políticas, sobretudo das que reprovam os dois tipos de governança representados pelo atual e o ex-presidente. Por conta do individualismo desses candidatos não competitivos, e a retroalimentação da polarização, provavelmente uma centena de milhões de votos ficarão concentradas em dois candidatos.

Tasso sabe que esse quadro é praticamente irreversível. Todos os adversários de Bolsonaro e Lula perderam o momento de investir numa terceira opção. Ademais, a falta de unidade das lideranças partidárias tornam o processo de aliança ainda mais difícil. Até mesmo os dois candidatos com mais chances de vitória são vítimas de desencontros regionais. O MDB não conseguiu cumprir o acordado com o PSDB por conta de resistência em vários diretórios estaduais, e um deles é o mais caro para os tucanos, o Rio Grande do Sul, onde o candidato Eduardo Leite ainda não conseguiu o apoio do MDB, que, com a candidatura de Simone Tebet, pode manter-se vivo, depois dos últimos insucessos eleitorais, coincidentemente do mesmo tamanho das últimas derrotas em disputas presidenciais do PSDB.

Quanto ao tema, veja a opinião do jornalista Edison Silva: