Amarílio Macêdo – empresário. Foto: Reprodução

Em artigo publicado na edição desta sexta-feira (29) do jornal O Estado de S. Paulo, o empresário Amarílio Macêdo relata a crítica situação social e política experimentada pelos brasileiros, advertindo as “elites” que “menosprezam a cara da revolta. Aparentam não ter olhos para ver os sinais de agravamento da miséria e do esgarçamento do tecido social e político do País”. E faz a seguinte indagação: “Será que o Brasil precisa aumentar mais a desigualdade, deteriorar ainda mais as condições ambientais e ameaçar mais e mais a democracia para que a insatisfação se torne visível?”

Evidente que a advertência, pertinente e oportuna, como a ora feita por Amarílio, deve constantemente ser feita até sensibilizar a todos quantos têm o dever de contribuir para, senão de todo e imediato, reverter essa situação de penúria experimentada por um significativo contingente da nossa população, ao menos estancar o crescente  aumento de pessoas levadas ao desespero por falta de perspectivas e, inclusive do que comer. Um exército de famintos e desesperados é capaz de tudo, inclusive de ameaçar a paz social e o próprio sistema democrático, tão caro aos brasileiros. E Amarílio vai ao cerne da questão:

“Parte significativa da nossa elite, em sua insensibilidade e ignorância, não vê a potencialidade destruidora de uma força social descontrolada, desorganizada e crescente, dos que já
não têm mais nada a perder e que poderão passar a agir no tudo ou nada. Pessoas invisibilizadas, discriminadas e desesperançadas são capazes de explodir como uma horda desenfreada, pronta para ultrapassar todo tipo de barreira e quaisquer limites”. E prossegue: o “fosso que separa brasileiros pela cor da pele, pela região, condição social, orientação sexual, opção religiosa, por preferências políticas e tendências ideológicas. Nessas clivagens segregacionistas, viver ou morrer tende a ser indiferente para os que têm a vida relegada a níveis sub-humanos; e os efeitos desse tipo de apatia são devastadores”.

Oportunamente, o empresário já adverte para o pós-eleição presidencial. Também por conta da insensibilidade de políticos os brasileiros estamos diante de uma polarização, que, se mantida até o dia da votação, nos levará ao desânimo quanto à necessidade de o Governo Central ser o indutor de ações efetivas, e da sensibilização de outros segmentos sociais para tornarem-se colaboradores necessários dos projetos sociais, imprescindíveis e imediatos, além, muito além das ajudas pecuniárias, úteis, sim, pois minimiza a fome de parte dos famintos, mas insuficiente para permitir que os beneficiários tornem-se verdadeiros cidadãs e cidadãos, pois só um pouco de comida não lhes dá a dignidade de que precisam.

Os brasileiros, diz o cearense, “não precisam de esmola nem deveriam ser tratados como fracos, inferiores e incapazes, como historicamente tem sido. A fraqueza, a inferioridade e a incapacidade nascem dos preconceitos dos poucos que, ao longo da nossa história, vêm tendo acesso às benesses civilizatórias, e se acomodaram no falso conforto da indiferença. A gravidade dessa deformação é tão destruidora que pioramos continuamente as diferenças entre os privilegiados e os apartados”.

Amarílio Macêdo conclui a sua manifestação com a seguinte exortação: “Compete a nós, integrantes das elites brasileiras, assim como a toda a sociedade, opormo-nos de forma clara aos ataques à democracia para fortalecer a ordem pública nacional e o Estado de Direito constitucional, saindo da passividade e da contemplação para agirmos com efetividade nos nossos ambientes de influência”.

Sobre o tema, veja o comentário do jornalista Edison Silva: