Lúcio Bruno criticou a proposta defendida pelo Governo Federal e explicou ao colega sua posição sobre os impactos do projeto. Foto: CMFor

Apesar de estar filiado ao PDT, e estar na vaga de Elpídio Nogueira (PDT), o primeiro suplente da sigla, Carlos Mesquita, atua na Casa Legislativa com uma certa independência, e, já algumas vezes, sinalizou alinhamento com algumas medidas do Governo do presidente Jair Bolsonaro. Na manhã desta quarta-feira (08), o parlamentar sinalizou apoio à medida de redução de ICMS de combustíveis nos estados, o que gerou incômodo para seus colegas de partido.

“Tem uns dois dias que estou tentando entender essa coisa que o Bolsonaro vai fazer e que os governadores não querem. Acho que o momento é esse. Temos uma eleição em quatro meses e depois as coisas podem ficar diferentes. Se o presidente diz que repõe o que o Estado vai deixar de ganhar, porque vai anistiar para baratear alguns serviços… Eu acho que tem uma boa vontade do Governo Federal”, afirmou.

O pedetista também pediu ajuda ao bolsonarista Carmelo Neto (PL) para lhe ajudar a compreender a situação. “Não consegui entender por que os governadores estão resistindo a isso. Está na hora de todos entrarem no sacrifício”, disse Mesquita em defesa à proposta apresentada na Câmara Federal pelo deputado federal Danilo Forte (UB).

Incomodado com as falas do colega, o vereador Lúcio Bruno (PDT) subiu à tribuna e chamou de “teatro” toda articulação do Governo Federal em defesa da proposta de redução do ICMS. De acordo com ele, ainda que a matéria seja aprovada, não haverá redução no preço final dos combustíveis, visto que a política de preço da Petrobrás seria a questão a ser atacada. Ainda segundo disse, o presidente Jair Bolsonaro quer transferir responsabilidades.

“Daqui a dois meses, antes da eleição, o combustível estará mais caro que hoje. Isso é cortina de fumaça, é querer transferir a responsabilidade da incompetência desse Governo que não consegue tratar desse problema”, atacou Bruno. Segundo ele, a compensação prometida pelo Governo Federal será dada apenas para quem reduzir abaixo dos 17%, o que dependerá de uma PEC para garantir tal ressarcimento.

“A perda estimada para os estados é de R$ 101 bilhões e o ministro da Economia, o Paulo Guedes, diz que vai fazer ressarcimento de até R$ 50 bilhões. Sabe de onde vem a receita? Dos dividendos da Petrobras e de receitas extraordinárias, ous eja, da privatização da Eletrobras, da privatização da Lubnor. Não tem nem o recurso ainda e diz que fará o ressarcimento. Vamos acordar, ele está jogando para a plateia”, disparou.

“Cara de pau”

O vereador Júlio Brizzi (PDT) também se posicionou e disse que a população do Ceará precisa ficar atenta, visto que muitos municípios podem ser atingidos, ficando sem dinheiro para a saúde e educação. “Vão prejudicar milhares e milhares de pessoas. Em Viçosa o corte deve ser de R$ 2,5 milhões, em São Gonçalo do Amarante, de R$ 43 milhões. Esse projeto não vai diminuir o preço dos combustíveis”.

Adail Júnior (PDT) também criticou a proposta, afirmando que a proposta de emenda à constituição que garantirá o ressarcimento aos estados deve demorar para ser aprovada. “Como vai ter tempo? O Guedes vem dizer que vai repassar dinheiro para os estados, mas o valor é de até R$ 50 bilhões e o prazo até dezembro. Como que vai dar certo?É muita cara de pau”.