Lula e Bolsonaro: os ponteiros nas pesquisas eleitorais. Foto: Divulgação – Montagem: Blog do Edison Silva.

A qualquer momento de uma campanha eleitoral pode surgir algo que a modifique. Nesta, evidente, não é diferente, embora, como têm registrado as pesquisas, a polarização da disputa entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula, agora, praticamente solidificada, pode dificultar o aparecimento de um fato capaz de mudar o quadro. Durou pouco o sonho dos apoiadores de Sergio Moro. A grande maioria dos políticos brasileiros parece acomodada com a situação atual, pouco lhe importando como será o Brasil de amanhã. Os números da última pesquisa feita pelo Datafolha, conhecidos na quinta-feira (23), apontam para um quadro irreversível.

Lula com 47% das intenções de votos, seguido de Bolsonaro com 28% da preferência do eleitorado, absorvem mais de dois terço dos votos dos brasileiros, ficando o restante para dividir com todos os demais candidatos, dentre os quais Ciro Gomes com 8%, o único a sobressair-se na chamada terceira via, se porventura de fato ela existisse, ou prometa existir. O resultado da pesquisa, entendemos, antes de ser uma demonstração de força dos dois candidatos, é uma fragorosa derrota do atual sistema político-partidário, e dos próprios políticos. É inconcebível, num País com mais de 30 partidos aptos a participarem da disputa eleitoral, não termos ao menos dez bons nomes de candidatos a presidente da República, para o eleitor, de fato, ter opção de escolha.

E temos, sim, um número bem maior de políticos, neste pobre ou miserável universo da política, que poderiam participar da disputa, mas estão afastados por conta da conivência de donos de partidos com os malfeitos existentes nas administrações, e também por acomodação. O eleitor, mesmo não escolhendo bem o seu representante, é sempre a vítima, a partir da limitação numérica de opções, da qualificação dos candidatos escolhidos pelos partidos, onde, a vaidade e o interesse pessoal são superiores ao comportamento moral e a disposição de servir.  Lamentavelmente, estamos caminhando para perder mais uma oportunidade de buscar alternativa de mudança ao que temos experimentado nas últimas décadas.

Estamos precisando de governantes que envergonhem-se com os delitos cometidos contra o patrimônio público, com consequências muito além do meio político por afetar outros setores da sociedade ao arrastar para a lama pessoas envolvidas, ou supostamente envolvidas, direta ou indiretamente em atos e fatos não republicanos. O ex-ministro da Educação do atual Governo, Milton Ribeiro, com ou sem culpa no caso dos escândalos do ministério, razão de sua prisão, na última quinta-feira (23), acabou sendo mais um a perder a reputação, participando por tão pouco tempo de um sistema que relega a meritocracia e privilegia o apadrinhamento ou outras ações menos nobre, inclusive a de se apegar ao poder e ser subserviente ao chefe, nem tão criterioso como deveria ser.

Ainda é possível uma reação, senão o suficiente para acabar com essa polarização nefasta, por algumas razões, mas com força de alertar a sociedade para discutir mais o futuro do País, o que os envolvidos na polarização não estão fazendo, pois o interesse imediato de ambos é fortalecer esse ambiente até aqui muito benéfico para eles. A renovação do Congresso Nacional também deve fazer parte da discussão. Já está na hora de ser contestada a afirmação de Ulysses Guimarães, um dos grandes políticos brasileiros, de que “a composição do próximo Congresso será inferior a do atual, ou seja o que virá ser pior”. Este, é inegável, deixa muito a desejar, como outros também deixaram, e por isso nós tivemos e temos tantos grandes escândalos.

O jornalista Edison Silva comenta sobre o tema: