Em novembro do ano passado, parlamentares bolsonaristas participaram de evento religioso, em Fortaleza, ao lado de Milton Ribeiro. Foto: Reprodução/Instagram

A prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, na manhã desta quarta-feira (22), pegou a classe política de surpresa. No Ceará, enquanto opositores do Governo Jair Bolsonaro destacaram uma eventual conivência do presidente da República com o esquema de corrupção suspeito na pasta, bolsonaristas silenciaram, alguns até tentando desviar o foco do principal assunto político do dia.

O presidenciável Ciro Gomes foi um dos que se posicionou sobre o caso, lembrando que Jair Bolsonaro, há cerca de três meses, afirmou que colocaria a cara no fogo pelo ex-ministro, enquanto que em entrevista à rádio Itatiaia, na manhã desta quarta, disse que Ribeiro é responsável pelos seus atos. O chefe do Poder Executivo também chegou a dizer que a investigação pode “respingar” sobre ele.

Idilvan Alencar (PDT) destacou que o ex-ministro foi convocado pela Câmara Federal, onde foi cobrado por ações na pandemia, no Enem e para as universidades, além das suspeitas de desvios no FNDE. “É triste ver que a educação brasileira virou caso de polícia. Temos que virar essa página da história do Brasil”, defendeu.

“A educação é o passaporte para o futuro, não pode ser usada para ganhos pessoais, ainda mais dentro da esfera pública. Que os culpados sejam devidamente punidos”, defendeu o deputado José Nobre Guimarães (PT). “Mais vergonha, mais corrupção, mais descaso com a Educação. Este triste período da nossa história está prestes a acabar”, disse o deputado estadual Acrísio Sena (PT).

José Airton (PT) lembrou que em abril, quando depôs à Polícia Federal, o ex-ministro disse que apenas seguia ordens do presidente Bolsonaro. “Jair sabia de tudo. Estamos há zero dias sem corrupção no Governo Bolsonaro”, destacou o petista lembrando que outro pastor evangélico também foi detido.

FNDE

Para Renato Roseno (PSOL), o resultado da operação da Polícia Federal revela apenas um dos escândalos de corrupção no Governo Federal.  “As investigações precisam agora chegar ao chefe da quadrilha.  Também são alvo da operação os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, aqueles que, por indicação de Bolsonaro, operavam um esquema de liberação de verbas do FNDE, via MEC”, disse.

Os aliados do presidente da República, por outro lado, resolveram silenciar sobre o caso e publicaram em suas redes sociais informações sobre o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula, como o fato de a sigla ser contrária à abertura da CPI da Petrobras. Também destacaram falas do petista no fim de semana sobre o sequestro do empresário Abílio Diniz, ocorrido no fim da década de 1980.