Mesa central do evento da última quarta-feira (15), ocorrido em Fortaleza, do PDT. Foto: Reprodução/YouTube.

O presidenciável Ciro Gomes, em todas as suas últimas entrevistas tratando da disputa pela chefia do Executivo cearense, neste ano, diz estar acordado que o candidato do PDT a governador será escolhido em julho, apoiado nas pesquisas a serem contratadas pelo seu partido com essa finalidade. Ele não disse, em nenhum dos momentos quando tratou do assunto, com quem o tema foi acertado, mas admite-se, por óbvio, ter esse entendimento sido feito com o ex-governador Camilo Santana, representando o PT por delegação do deputado federal José Guimarães, o controlador do diretório estadual petista, ainda quando ele estava no Governo, antes do dia 2 de abril.

O noticiário político registra uma conversa de Ciro, Cid e Camilo, pouco antes da renúncia do governador para efeito de desincompatibilização. Óbvio que naquele momento eles trataram de sucessão estadual, embora, com certeza, não tenham cuidado de nomes para o restante da chapa majoritária, no caso os candidatos a governador e vice-governador, posto ser do próprio Camilo a vaga de postulante ao Senado. Embora já naquela oportunidade os irmãos Ciro e Cid pudessem ter o nome do candidato definido, estrategicamente, mesmo o assunto estando sendo tratado com um interlocutor qualificado e de confiança, não fosse conveniente nominá-lo.

De fato, as pesquisas nos dias atuais são o norte não apenas para escolha de candidatos, mas, também, para a orientação dos discursos e promessas de campanha. Camilo sabia que não teria força para influir na escolha do nome do PDT ao Governo do Estado. O discurso do Ciro de que ele seria o condutor de sua sucessão só teria validade até quando ele fosse governador. Agora, a sucessão é de quem a ele sucedeu, no caso a governador Izolda Cela. É possível que Camilo tenha imaginado que Izolda, podendo ser candidata à reeleição, sendo pessoa de confiança dos dois principais líderes do PDT no Estado, seria naturalmente escolhida pelo partido, afastando as chances de quaisquer outros pedetistas.

O ex-governador menosprezou o pragmatismo político do senador Cid Gomes, e do irmão Ciro. Eles ainda não disseram que a governadora não será candidata à reeleição, mas provavelmente não será mesmo, agora mais ainda por conta da articulação enviesada do ex-governador, com o concurso de uns pedetistas inebriados com o seu discurso, e as declarações bombásticas do deputado federal José Guimarães. A governadora, repetimos o aqui já afirmado, continua sem dar demonstração de estar brigando para ser candidata. Ela sabe como são feitas as escolhas dos ungidos no seu grupo político, e sabe da importância que eles dão às insinuações ou recados feitas e dados indiretamente.

A propósito, a governadora Izolda Cela deu uma demonstração de não estar trabalhando para ser candidata ao casar um filho, recentemente, e não ter utilizado os espaços oficiais para fazer uma grande festa com todos os políticos aliados convidados, como o Abolição já foi palco de celebração de núpcias e batizados. Parece que só Cid Gomes e Camilo Santana foram convidados do noivo, filho da governadora. Muitos dos políticos que tomaram conhecimento dos eventos, civil e religioso, ficavam perguntando uns aos outros quem tinha sido convidado. Claro, que sem político, não se falou em sucessão. E também não falaram em candidatura de governador no batizado do filho do senador Cid, na Serra da Meruoca, dia seguinte ao casamento, onde um número maior de políticos marcou presença.

Assista ao comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: