Na imagem, Domingos Filho, Domingos Neto, Gilberto Kassab e Cid Gomes, juntos, na residência do senador, em 2019. Foto: Divulgação

O deputado federal Capitão Wagner, presidente estadual do União Brasil, trabalhando sua candidatura ao Governo do Estado, tem mantido contato, não esporádico, com figuras importantes do PSD e do PP, ou mais precisamente com Domingos Filho e Zezinho Albuquerque, este, talvez o político não da família mais íntimo dos irmãos Ciro e Cid Gomes. O partido de Zezinho é o PP, presidido no Ceará pelo seu filho, deputado federal AJ Albuquerque. O PP é uma das agremiações nacionais mais próximas ao presidente Jair Bolsonaro, daí o chefe da Casa Civil da Presidência da República, a pasta mais importante do Governo, ser o senador Ciro Nogueira, presidente nacional da sigla (licenciado).

Domingos Filho, presidente estadual do PSD, tem ligações próximas com o senador Cid Gomes, de quem foi vice-governador no segundo mandato deste, mas tem um entrevero no meio dessa relação, quando de uma disputa pela presidência da Assembleia Legislativa. Domingos, mesmo como conselheiro do extinto Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), resolveu apoiar um candidato de oposição, mesmo sendo também governista, Sérgio Aguiar, contra Zezinho Albuquerque. A participação de Domingos motivou a extinção do TCM, deixou sequelas que todos dizem estar superadas. Hoje, Domingos trabalha para voltar a ser vice-governador, disputando ao lado do candidato governista que ainda não se sabe quem é.

Não foi dito, até onde sabe, que o lugar de vice na chapa a ser encabeçada pelo Capitão Wagner tenha sido oferecido a algum dos dois partidos, mais implicitamente essas conversas têm sido direcionadas para uma aliança com participações na chapa oposicionista. Wagner, está trabalhando para fazer uma campanha profissionalizada, diferente das mixórdias que marcaram as outras suas tentativas de chegar ao Executivo da Capital cearense, e de aliados oposicionistas com vistas ao Governo estadual. Ele não tem entrado em detalhes sobre a estrutura em montagem para enfrentar a máquina governamental, mas demonstra, com clareza, estar respaldado para enfrentar o concorrente com os meios necessários à uma campanha competitiva.

Não há informações de que ele tenha conseguido sucesso no seu objetivo junto aos interlocutores, hoje aliados ao grupo governista, mas tem tido espaços para conversações. Não lhes fecharam as portas. Pode até ser por educação, ou também pelo fato de os verdadeiros políticos nunca fecharam as portas antes do desfecho dos acordos almejados. Wagner tem tempo e pode esperar até o último momento, pois o prazo final para oficialização de candidaturas nos espaços internos dos partidos é cinco de agosto, último dia para a realização das convenções partidárias. O Capitão, parece, só terá o seu candidato a vice quando não houver mais chance de conquistar um ou os dois partidos perseguidos, contando para isso com ajuda federal.

Não será fácil a consecução do seu objetivo. Mas também não é impossível. Na política tudo é possível, até o inescrupuloso, que é um ato repulsivo. Não é este o caso, posto ser legítimo o trabalho de conquistar aliados, e de aliados romperem alianças buscando novos espaços. É difícil para ele, embora possa vir a ser um candidato competitivo, pois o grupo governista tem a experiência, forte base parlamentar, além de uma bem azeitada máquina, capaz de ser transformada em um robusto trator, o que inspira confiança e motiva a todos trabalharem com afinco para não perderem as benesses governamentais, sem dúvida, a grande ajuda para manutenção de suas forças políticas nos municípios.

A campanha deste ano, depois da de 1986, quando Tasso Jereissati foi eleito governador pela primeira vez, rompendo o modelo de campanha daquela época, feita à base do “eu acho”, pode ser a mais profissionalizada das últimas décadas. Wagner trabalha com um marqueteiro profissional para confrontar-se com um profissional de igual nível, o do candidato governista.

Confira o comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: