Foto de um dos encontros regionais já realizados pelo PDT. Foto: Ascom/PDT.

Até certo ponto, o PDT sentiu um abalo com o lançamento da candidatura, já sepultada, do ex-ministro Sergio Moro à Presidência da República. Agora, indiscutivelmente, a ameaça à postulação presidencial do pedetista Ciro Gomes é a organização da campanha da senadora Simone Tebet (MDB), com o apoio do PSDB e do Cidadania. Embora o nome da senadora sofra restrições na sua agremiação, e em boa parte do PSDB. As lideranças do PDT, obviamente, não querem esperar parados os efeitos da consolidação da sua postulação, daí a programação dos encontros regionais do partido, começando no próximo dia 15 pelo Ceará.

Ciro mantêm-se na terceira posição na disputa, distanciado dos dois primeiros: Lula e Bolsonaro, é verdade, mas é ele, atualmente, a opção da chamada terceira via. Assim, concomitantemente ao trabalho para avançar na disputa, conseguindo posição melhor no quadro mostrado pelas pesquisas, precisa estar atento ao trabalho de qualquer um outro candidato que possa ameaçá-lo na terceira colocação. A senadora Simone Tebet, no sentir de observadores políticos, atualmente é quem tem mais chances de ser o principal oponente de Ciro, embora o seu nome ainda não seja devidamente familiarizado com o eleitorado nacional.

A polarização existente entre Lula e Bolsonaro, cada dia mais consolidada, dificulta em muito o crescimento de outros nomes. Ciro é uma vítima dela. E para a senadora Simone será mais difícil ainda, também pelo fato das restrições experimentadas nos dois principais partidos da sua aliança, o MDB e o PSDB. Na sua agremiação ela começa com dificuldades no seu próprio Estado, o Mato Grosso do Sul. No PSDB, não são menores as objeções ao seu nome. Uma das razões da retirada da candidatura presidencial do ex-governador João Doria, foi exatamente a antecipação das declarações de voto a Lula, da parte de algumas tradicionais lideranças do partido.

No Ceará, e em outros estados nordestinos, o MDB está declaradamente com Lula. A senadora terá que contar unicamente com o PSDB para montar o seu palanque. E os tucanos não são eleitoralmente fortes por aqui, como mostram os resultados das últimas eleições. Por isso, um candidato a vice-presidente da Região, pouco acrescentará à candidatura de Simone, hoje, admitindo que o senador cearense Tasso Jereissati possa ser o seu vice, que, segundo o presidente nacional da agremiação, deputado federal Bruno Araújo, o vice tucano só será escolhido em julho, naturalmente depois de alguns acertos internos, principalmente os relacionados com a distribuição dos recursos do Fundo Eleitoral, que os deputados podem não permitir a divisão com a candidata à Presidência, deixando toda a conta para o MDB, onde a disputa pelo dinheiro do Fundo não é diferente.

Essas dificuldades para a candidatura de Simone Tebet acabam por beneficiar Ciro Gomes. E os encontros regionais organizados pelo PDT podem servir de fortalecimento à consolidação de sua posição na disputa, importante para o objetivo de avançar na busca de romper a polarização. Um avanço de Ciro, pode, o que provavelmente ele espera, atrair, senão alguns dos partidos atualmente com candidatos sem perspectivas de avanços na disputa, mas integrantes desses partidos contrários a um ou ao outro candidato da polarização, principalmente pelo fato de o cerne da campanha acontecer em setembro, em meio à propaganda eleitoral gratuita, próximo do dia da votação, 2 de outubro.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: