O relator da CPI, o deputado Elmano de Freitas, foi o principal alvo das críticas de membros do colegiado que se opõem ao inquérito. Foto: ALCE

Depois de um momento de calmaria, os ânimos voltaram a ficar exaltados durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga envolvimento de associações militares com o financiamento de motins de policiais no Ceará.  O clima esquentou após Delegado Cavalcante (PL) ter lembrado ações envolvendo o senador Cid Gomes (PDT), que quando governador do Estado enfrentou atritos com a PM.

De acordo com o parlamentar, que tem apontado interesses políticos na condução dos trabalhos do inquérito, o senador teria “ranço” da Polícia após ter levado “um murro” durante ato em Sobral. “Até hoje ele tá complexado, um cara cheio de revolta. Aquele murro que ele levou em Sobral ainda está doendo, porque ele não tem coração, talvez não tenha nem Deus”, disse.

Cavalcante voltou a defender a necessidade de se investigar o aumento no número de facções no Estado e chegou a propor um convite ao ex-governador Camilo Santana, para que ele deponha na CPI. “Isso aqui é bastidor de politicagem, é um constrangimento”, disparou.

O deputado Marcos Sobreira (PDT) repreendeu o colega e disse lamentar que ele tenha comemorado que um senador da República tenha sido agredido. “É desrespeitoso com esta Casa, com este Parlamento. Todos merecem respeito, porque as próximas vítimas podem ser eu e pode ser vossa excelência”, disse. Queiroz Filho (PDT) também se indignou. “O senhor, que é um homem de Deus, não deveria questionar a fé dos outros. o senador Cid merece respeito”.

Delegado Cavalcante também chegou a dizer que o relator da CPI, o deputado Elmano de Freitas (PT), faltava com a ética, ao apresentar áudio atribuído ao depoente do dia, o dirigente Cleybe Araújo. Elmano retrucou e chamou o oposicionista de “mentiroso” pelos dados incorretos que levou até o colegiado.

“Desequilibrado”

O presidente da CPI, Salmito Filho, criticou as agressões feitas e exigiu que os termos utilizados por Cavalcante fossem retirados da ata. O parlamentar também lembrou que na semana passada chegou a chamar Capitão Wagner (UB) de “desequilibrado”, mas afirmou que iria voltar ao Plenário 13 de Maio para refazer suas falas.

“Não podemos aceitar esse tipo de agressão. Esta CPI está sendo acusada de bastidor de politicagem. O Delegado pode até pensar assim, mas isso é uma agressão aos membros desta CPI. Estamos procurando ter o máximo de zelo, de cuidado. Ninguém aqui viu especulação de nada. O relator e sua assessoria, e todos os deputados, têm o máximo de cuidado”, afirmou Salmito.