Ciro Gomes ministra aula magna – a importância do Parlamento para a democracia – de lançamento da Escola da Câmara Municipal de Fortaleza. Foto: Ascom/CMFor.

Ciro disse o óbvio numa entrevista na Câmara Municipal de Fortaleza, hoje (30), de que será o PDT quem escolherá o candidato do partido a governador do Estado do Ceará. Aqui, há poucos dias, já havíamos dito que o “comando da sucessão da governadora Izolda Cela será dela e do seu partido o PDT”, desacreditando da suposta influência de alguns manifestada em redes sociais. Mas, mesmo sendo uma obviedade, a afirmação de Ciro tem endereço certo: o PT.

Nenhuma outra agremiação hoje aliada ao grupo governista tem a petulância de mandar “recados intoleráveis” sobre a escolha do candidato a governador. O MDB não é aliado do grupo governista, o Eunício é aliado do ex-governador Camilo Santana, portanto as manifestações de Eunício, a principal liderança desta agremiação no Ceará, não são recebidas como recados, e se assim fosse, teriam respostas contundentes, como são todas as declarações de Ciro dirigidas ao ex-senador Eunício. Recentemente escrevemos sobre o respeito e a obediência dos liderados do grupo governista com a matéria intitulada: “o meu candidato a governador é do Cid, diz deputado do  PDT”.

Acrescentando que os liderados de Ciro e Cid aceitaram até um candidato de outro partido, Camilo Santana, quando concorriam a própria Izolda, Zezinho Albuquerque e Mauro Filho,  todos amigos de longas datas. Domingos Filho, um outro concorrente à época, não tinha a ligação pessoal com os irmãos como têm ainda hoje os três outros, e mesmo assim aceitou a derrota e depois ganhou um cargo vitalício no extinto TCM. Izolda aceitou ser vice, depois da recusa de Zezinho, e Mauro titubeou, mas concordou em ser candidato ao Senado.

São notórias e profundas as irritações de Ciro com o PT nacional, e de cearenses petistas com ele, tanto por conta da sucessão presidencial quanto pela estadual, mas pela primeira vez Ciro fala em traição. E ficou um tanto enigmática a sua colocação. Se a escolha do candidato é do PDT, com base em pesquisas qualitativas e quantitativas, onde caberia a traição? Ou seria trair não votando no escolhido, para tentar derrotá-lo nas urnas? Este tipo de traição é possível. O primeiro exemplo mais flagrante que tivemos no Ceará foi a que resultou na primeira eleição de Mauro Benevides ao Senado, quando derrotou Edilson Távora, candidato do governador à época, Cesar Cals.

Mas, mesmo sendo possível, dificilmente acontecerá traição da parte dos petistas, principalmente se houver, nas proximidades da votação, alguma dúvida quanto à realização do segundo turno da eleição presidencial. O segundo turno para Lula poderá ser mais difícil do que o primeiro em relação ao seu principal opositor, o presidente Jair Bolsonaro. O grupo governista cearense pode dar uma boa contribuição a Lula no segundo turno e dela o petista há de precisar, mesmo tendo uma expressiva votação neste Estado. Qualquer um milhão de votos a mais num segundo turno de eleição, mesmo a presidencial, faz diferença. Lula tem interesse em ter os pedetistas como aliados na reta final da disputa presidencial.

Ciro falou sobre esses temas ao lado de vários pedetistas. O senador Cid Gomes não estava lá, assim como o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, um dos pedetistas mais ligados ao ex-governador Camilo Santana. Não foram dadas explicações sobre sua ausência, como fez o presidente da Câmara, vereador Antônio Henrique, em relação ao prefeito de Fortaleza, Jose Sarto, que está na Europa. Cid está em Brasília.

Veja comentário do jornalista Edison Silva: