Ex-governador de São Paulo, João Doria, não por questões criminais, tem ajudado o partido a afundar. Foto: Divulgação.

O senador Reguffe (José Antonio Machado Reguffe) defende o apoio do União Brasil à candidatura presidencial de Ciro Gomes. Na coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira (13), o representante do Distrito Federal no Senado diz: “Eu defendo uma alternativa à polarização e, no momento, o Ciro é o mais viável”. Reguffe é mais um descendente de cearense com destaque na política nacional. Ele é neto do ex-deputado federal e ministro Expedito Machado, e está como candidato a governador de Brasília. Contrapondo a essa declaração de Reguffe, no jornal o Estado de São Paulo, também desta sexta-feira, uma entrevista do ex-senador e ministro Aloysio Nunes Ferreira, destrona a terceira via e o seu PSDB.

Aloysio Nunes, uma das figuras de destaque do PSDB nacional, concedeu uma longa entrevista à jornalista Vera Rosa, repórter especial do Estadão, revelando o seu voto e a disposição de trabalhar, de agora, para o ex-presidente Lula, o principal adversário do partido de Aloysio desde quando Fernando Henrique, o nome mais expressivo do PSDB, era presidente da República. Para Aloysio Nunes, o ex-governador de São Paulo, João Doria, não tem condições de manter sua candidatura, pois o seu nome já foi “rifado pelo partido”. E sentencia: “O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”. De fato, Doria sofre restrições de expressivo grupo do seu partido, mesmo antes das prévias que ele venceu, derrotando o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o preferido no núcleo central do partido, a partir do cearense senador Tasso Jereissati.

Além disso, tem uma boa parte dos tucanos querendo votar em Bolsonaro e em Lula, e Aloysio diz na entrevista que “chegou-se a esse dilema no PSDB porque o partido não tem unidade interna para lançar um candidato a presidente da República. Num período de grande turbulência e exacerbação de Bolsonaro, não foi capaz de dar nenhum sinal claro para o eleitorado. Então, desapareceu no cenário político. Sumiu”, enfatiza. E aqui chega-se a conclusão catastrófica: o partido vai sumir, não da relação de agremiações partidárias nacionais, mas do quadro dos dez maiores partidos, contrastando com o que era quando nasceu das costelas do MDB e até depois de chegar à Presidência da República, e o comando de vários governos estaduais, inclusive o do Ceará.

Não pela inviabilidade da candidatura presidencial de Doria, mas devemos nos entristecer pelo definhamento de uma agremiação nascida com a perspectiva de influenciar mudanças no mundo partidária, naquele e neste momento, muito aquém do almejado pela sociedade brasileira. Infelizmente, durou pouco tempo a diferença dele para os demais, por isso está chegando à vala comum. É verdade que o partido já estava pequeno quando lá chegou João Doria, levado pelo ex-governador paulista, Geraldo Alckmin, hoje, por ter sido vítima do próprio Doria, após o ter ajudado a ser eleito prefeito da Capital, e logo depois governador do Estado de São Paulo. Mas Dória, sendo ou não candidato a presidente da República será acusado como o principal responsável pela derrota dos tucanos nas eleições deste ano, pois o partido sairá das eleições nacionais, menor ainda do que em 2018, quando Alckmin teve uma votação pífia e o partido só elegeu 29 deputados, dos quais sete já migraram para outras siglas.

Inconcebível como uma agremiação partidária é destruída num curto espaço de 20 anos. Fernando Henrique concluiu o seu segundo mandato de presidente da República no início de 2003. O melhor resultado em disputa nacional do tucanos foi quando o deputado federal Aécio Neves disputou o segundo turno das eleições com a ex-presidente Dilma Rousseff. Ele caiu na desgraça logo depois. Como ele, outros filiados do partido também foram acusados de ações delituosas, principalmente de corrupção. O PSDB deixou de ser aquela decantada vestal. Deixou de ser o diferencial, e Doria, não por questões criminais, tem ajudado o partido a afundar. Ele não agrega, ao contrário, afasta. A cizânia que pregou no PSDB, e a volúpia pelo poder, acabaram prejudicando a si e mais ainda ao partido. E de resto, contribuiu significativamente por não termos clareza da possibilidade do surgimento de uma terceira via.

Veja comentário do jornalista Edison Silva sobre o assunto: