Elton Régis do Nascimento (de blusa preta) foi ouvido de forma extraordinária. O depoimento não estava agendado e ele compareceu à reunião sem advogados. Foto: ALECE.

Ex-membro da Associação dos Profissionais de Segurança (APS) do Ceará, o policial militar Elton Régis do Nascimento foi à Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (19) pedir para antecipar o seu depoimento como testemunha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o envolvimento de associações com as paralisações da Polícia ocorridas em 2020, alegando ter sido ameaçado depois de ter sido anunciado como uma das testemunhas junto à fiscalização do colegiado.

Elton Nascimento narrou que no último dia 23 de março, encontrou um papel no seu veículo com uma ameaça. “Otário, como vai a vida? Cuidado com o que fala”, dizia o bilhete que foi levado pelo militar à CPI, na tarde desta terça-feira (19).

O depoente foi ouvido após votação do colegiado, que ocorreu de forma nominal, e foi acatado por todos os presentes.

“De um determinado tempo para cá, não tenho falado de outra coisa a não ser da expectativa do que seria tratado essa CPI, e que eu seria ouvido. Em determinado momento desabafei, porque fui ouvido no Ministério Público e em nenhum momento tive orientação da minha associação ou acompanhamento jurídico”, denunciou.

O presidente do colegiado, o deputado Salmito Filho (PDT), solicitou segurança para proteção pessoal de Elton “para evitar que algo de pior possa acontecer com sua vida”. O militar afirmou que participou da fundação da APS, e tinha expectativas de que a entidade tivesse um trabalho propositivo, o que aconteceu num primeiro momento, mas em seguida teve mudança de rumos.

“Ajudei a fundar a entidade, mas fui retirado do grupo em determinado momento. Sou pai de família, tenho uma filha”. Ele disse que foi afastado da direção da APS sob a alegação de que falava mal do presidente da República, Jair Bolsonaro. Todos os integrantes da CPI lhes fizeram perguntas e a numa delas ele disse que a associação é comandada por uma trindade, citando o deputado federal Capitão Wagner, o deputado estadual Soldado Noélio e o vereador de Fortaleza, Sargento Reginauro.

Mesmo sendo diretor da área financeira, o depoente disse não ter controle sobre as finanças da Associação e disse ter questionado algumas despesas, como a de gasolina, em épocas de eleição e da utilização do carro da APS em campanha política.

O deputado Soldado Noélio, mesmo enfatizando não ter interesse em constranger o depoente, fez ele responder que estava afastado da Polícia Militar, onde atuava como Praça, por questão de saúde mental.