Deputado Salmito afirmou que está tomando todos os cuidados possíveis com a condução dos trabalhos da CPI  para não politizar as investigações. Foto: ALECE.

O clima ficou tenso durante sessão da Assembleia Legislativa do Ceará na manhã desta quinta-feira (07) quando o tema “CPI dos Motins” foi levado à tribuna do Plenário 13 de Maio. O deputado Salmito Filho, presidente da CPI, logo depois do pronunciamento do deputado Soldado Noélio (UB), criticando a Comissão Parlamentar de Inquérito, foi à tribuna para contestá-lo.

Salmito também criticou um aparte feito pelo deputado Heitor Férrer (UB) ao discurso de Noélio e, ao rebater a crítica, Heitor elevou o tom e os dois protagonizaram um momento de bate-boca.

De acordo com o relator da CPI, o deputado Elmano de Freitas (PT), saques de mais de R$ 80 mil foram feitos pelo então presidente da Associação dos Profissionais da Segurança (APS), o vereador Sargento Reginauro (UB). De acordo com ele, parlamentares ligados ao deputado federal Capitão Wagner (UB) estão incomodados porque policiais militares querem saber “para onde foi o dinheiro deles”.

O embate teve início na Casa após o deputado Soldado Noélio (UB) levar o assunto para a tribuna, tecendo diversas críticas à condução da Comissão Parlamentar de Inquérito, a quem ele atribui interesses político-eleitorais por parte da presidência do colegiado, presidido por Salmito Filho (PDT), e da relatoria, do deputado Elmano de Freitas.

Noélio também é membro da CPI, e de acordo com seus pares, quando ele questiona a seriedade do grupo, põe em cheque todo o funcionamento da Casa Legislativa.

Veja trecho do discurso do deputado Soldado Noélio:

De acordo com Elmano de Freitas, o discurso político está sendo feito justamente por Noélio, que apresentou requerimento convidando o antigo presidente da APS, Sargento Reginauro, mas foi contrário à presença do atual presidente.

“O que está deixando ele nervoso é que o motim (dos policiais) tem a ocupação de um batalhão no dia 18, e no dia 17 o presidente da APS apresenta cheque para sacar R$ 89 mil. E o presidente atual disse que precisa, por mês, de R$ 5 mil. Ele só esqueceu de dizer que a entidade tem um cartão de crédito e no extrato tem o pagamento. Então ele pagou duas vezes?”, questionou o relator.

Ele lembrou ainda de imagens que flagraram o ex-deputado federal Cabo Sabino entregando dinheiro para pessoas envolvidas com o motim. De acordo com Elmano de Freitas, nenhum membro da base governista levou o tema CPI para a tribuna da Casa, enquanto que Noélio acusa o colegiado de estar atuando de forma “politiqueira”.

Policiais

“É óbvio que eu tenho o direito de saber que, se a entidade precisa de R$ 5 mil por mês, para que diabos sacou R$ 89 mil? E não foi apenas uma vez. Sabe qual o incômodo? É porque os policiais querem saber para onde está indo o dinheiro deles. Porque não tem explicação para o uso dos recursos. E isso está ficando claro”, apontou.

“Aí, sim, tem politicagem. Isso explica porque lá atrás se fez acordo, chorou de alegria com o acordo e depois teve que apoiar o motim. Vossa excelência, taí hoje, não teve coragem de dizer que foi contra a invasão do batalhão. Não condena, mas pode ficar tranquilo porque as provas começaram agora, e teremos mais discussão, mais fatos, outras questões a debater e espero que você possa comprar algumas coisas de maracujá, porque vossa excelência está muito nervoso”, ironizou Elmano.

Veja o posicionamento de Elmano de Freitas:

Marcos Sobreira (PDT), também membro da CPI, afirmou que a mesma associação chegou a contratar um escritório de advocacia, cujo o valor pago foi de R$ 400 mil, e quando questionado, o atual presidente da entidade não soube responder a finalidade dos recursos. Ainda de acordo com o pedetista, a advogado que atuou em 100% do processo tem carteira de associado da APS, com salário de pouco mais de R$ 6 mil.

Politicagem

“É, no mínimo, estranho. Esse discurso de querer desmoralizar a CPI parece muito com nervosismo. Não vou aceitar ter nossa investigação séria, comprometida. Eu sei desse caso há dois meses, poderia expor na tribuna, mas não fiz. Pagou R$ 400 mil e não sabe porque pagou. A CPI vai dar a resposta aos policiais e à sociedade cearense”, disse.

Presidente do colegiado, o deputado Salmito Filho (PDT) afirmou que está tomando todos os cuidados possíveis com a condução dos trabalhos da CPI, principalmente, evitando levar o assunto à tribuna, para não politizar as investigações. “Vossa excelência traz o debate para o plenário, mas tenta desqualificar a CPI e todos os seus titulares. Se eu entendesse que a CPI é politicagem, por que eu faria parte? Por que vossa excelência faz parte?”, questionou.

Presidente Salmito defende o trabalho republicano realizado pela Comissão Parlamentar de Inquérito: