Aliados de Cid Gomes (PDT) se insurgiram contra as falas de Heitor Férrer sobre decreto do então governador do Estado. Foto: Miguel Martins.

Em seu pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa, na manhã desta quarta-feira (27), o deputado Heitor Férer (UB) relembrou o caso que ficou conhecido como “escândalo do empréstimo dos consignados”, que há mais de dez anos segue em análise na Justiça.

O parlamentar afirmou que vai acionar o Ministério Público para saber as motivações da falta de celeridade no processo sobre possível esquema de tráfico de influência através de empréstimos para servidores estaduais.

O parlamentar lembrou o envolvimento de um ex-genro do secretário de Turismo, Arialdo Pinho, no esquema e chegou a citar que as irregularidades ocorreram devido a um decreto do então governador do Estado, Cid Gomes (PDT).

As considerações de Férrer geraram atrito com aliados do líder pedetista, que destacaram que o nome do ex-chefe do Poder Executivo sequer chegou a ser citado nos autos.

“Não há como se falar em empréstimos consignados sem se falar no decreto assinado pelo então governador Cid Gomes, onde ele estabeleceu que o único banco fazer o empréstimo aos servidores seria o Bradesco. Depois, fez uma licitação em que ganha a empresa desse Bruno Borges, se chama o Zé do Gás, que era o genro do todo poderoso Arialdo Pinho, para administrar o empréstimo. Ele recebia, por mês, o que dá hoje R$ 5 milhões só para autorizar o empréstimo”, disse Heitor Férrer.

Ao Blog do Edison Silva o parlamentar afirmou que a ação precisa chegar a uma conclusão, lembrando ainda que ela é oriunda de uma denúncia feita por ele há cerca de 11 anos. “Hoje, temos servidores que estão pagando esse empréstimo dos consignados, sendo roubados há 11 anos. Então, isso é o que a gente quer saber. Têm pessoas sendo punidas no contra-cheque há 11 anos. E isso não pode ficar se arrastando ad eternum na Justiça”, apontou.

Soldado Noélio (UB) também se posicionou sobre o tema e questionou a inexistência de uma investigação administrativa, dentro do Governo, para avaliar a participação do atual secretário de Turismo no esquema. Ele lembrou que militares chegaram a ser punidos apenas por estarem presentes na Assembleia Legislativa, enquanto que nada aconteceu contra Arialdo Pinho.

Licitações

O líder do Governo, Júlio César Filho (PT), criticou o que ele avaliou como insinuações por parte de Heitor Férrer ao citar o decreto do ex-governador e atual senador do Estado, Cid Gomes. Sérgio Aguiar (PDT) corroborou com o colega e também se disse “inquieto” com o fato de o caso ainda não ter sido concluído.

“O governador Cid Gomes não era ordenador de despesa e não tinha como gerenciar aquilo que era da gestão das secretarias. Vossa excelência falou que o governador tinha compactuado com o fato e o que ele fez foi cumprir com a Lei das Licitações”, defendeu Aguiar.