Arte: Divulgação/PSDB.

João Doria, ex-governador de São Paulo, venceu a disputa interna no PSDB para a escolha do candidato do partido à Presidência da República. Os critérios para a realização das prévias foram aprovados por todos os pretendentes: Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus; o próprio Doria; e Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul. Antes da manifestação dos filiados para a escolha, houve denúncia de irregularidade na formação do Colégio Eleitoral, mas a questão foi resolvida e a eleição interna realizada. Os candidatos confraternizaram-se ao conhecerem o resultado final, comprometendo-se em respeitá-lo. Mas o discurso de aceitação do resultado das prévias, pelo menos da parte de Leite, pouco tempo depois, constata-se ter sido de fato uma falácia.

As lideranças do PSDB têm razões, após conscientizadas da inviabilidade eleitoral do escolhido nas prévias, trocar o nome por um outro da agremiação, ou, até, apoiar um indicado por outro partido. O PSDB já sofreu as consequências com a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, em 2018, quando o partido saiu da disputa com um resultado pífio. Na perspectiva de hoje, a candidatura Doria pode repetir o resultado negativo da última eleição. O ex-governador, neste espaço já afirmamos: não agrega. Ele está na política mas não é de fato um político. Venceu eleições, é verdade sim, mas nunca teve o respeito das principais liderança da sua própria agremiação, e, pelos exemplos produzidos, inclusive os relacionados com o seu principal padrinho, o ex-governador Geraldo Alckmin, também não tem a confiança das lideranças de outras siglas, tanto é que, mesmo com a força do Governo de São Paulo, não conseguiu atrair outros partidos para engrossar sua candidatura.

E Eduardo Leite, hoje o nome da preferência dos integrantes da velha guarda tucana, fazendo o que está, para tomar o lugar do Doria, perderá também o respeito de outras lideranças, embora até possa ser indicado para um lugar de vice. A maioria dos políticos só não tolera mesmo, nas relações entre eles, a traição. Leite tem demonstrado querer ser candidato a qualquer custo, e isso ficou claro quando conversou com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para trocar de partido para disputar a sucessão de Bolsonaro. Um apelo de tucanos, com a insinuação de a Doria ser negada a indicação de candidato, e ele (Eduardo Leite) ser o escolhido, o fez ficar no PSDB e desincompatibilizou-se. Agora, quer percorrer o Brasil, com o apoio desses tucanos, para em julho e até cinco de agosto, quando das convenções, acontecer o vaticinado por tucanos adversários de Doria. Ele já tem uma visita ao Ceará programada para a próxima quarta-feira (20).

O papel que hoje exerce o ex-governador Eduardo Leite, se de modo próprio ou induzido por seus amigos comuns adversários de Doria, não o dignifica. Ele, por certo, teria o respeito dos políticos e dos eleitores se não houvesse aceito os critérios das prévias, e formasse no grupo dos defensores da retirada do nome de Doria, posto não estar indicando possibilidade de sair de onde está, do marco zero. E, sem estar à frente do movimento de retirada de Doria, poderia, após as lideranças do partido dizerem ao ex-governador de São Paulo que não mais acreditam numa postulação dele, e por isso o partido buscaria um outro candidato, podendo este ser o próprio Leite. Pela carência de lideranças políticas no País, Eduardo Leite, com tempo para várias outras campanhas, poderia dar um bom exemplo, inclusive repreendendo os que o induzem a seguir o caminho da traição, que nesse caso pode acabar ajudando à consolidação da polarização entre Bolsonaro e Lula, resultando em derrota de todos os demais. A polarização não é boa para a Democracia.

Lamentavelmente, no mesmo caminho do PSDB está o MDB. Este, ressalte-se, sempre tem casos de infidelidade partidária. O seu último candidato à Presidência da República, Henrique Meireles, teve uma votação insignificante, principalmente levando-se em consideração o tamanho do partido. A senadora Simone Tebet, hoje apontada como o nome do MDB à sucessão de Bolsonaro, aposta numa aliança com o PSDB, incluindo também o União Brasil e o Cidadania. É, se acontecer, o que parece ser muito difícil, uma coligação de vencidos, pois sequer conta com a unidade de cada um dos partidos. No imaginário dessa coligação, a candidata a presidente seria a senadora Simone e o vice Eduardo Leite.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: