Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (centro), recebeu Ciro Gomes (dir.) e senador Cid Gomes (esq.) para um almoço nesta quarta-feira (06) na residência oficial. Fotos: Pedro Gontijo/Senado Federal.

Os partidos nacionais ainda têm, até a data final para homologação de candidaturas, pouco mais de cem dias para acertarem suas alianças em torno dos candidatos aos governos dos estados e, em especial, dos postulantes ao cargo de presidente da República. Os dirigentes do MDB, do PSDB, do União Brasil e do Cidadania, estão em estágio avançado de negociações para a formação de uma coligação visando a apresentação de um único candidato à sucessão presidencial. O ex-governador de São Paulo, João Doria, e a senadora Simone Tebet,  mesmo já estando, individualmente fazendo campanha, aceitaram as regras previamente traçadas. Houve uma tentativa inicial de agregar o PDT ao grupo, mas a conversa não avançou, como esperava o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar.

Na Coluna Política do jornal O Estado de S. Paulo desta quarta-feira (6), o principal tema tratado foi exatamente essa questão da participação do Ciro no grupo que defende uma única candidatura para fazer frente à polarização existente entre os prováveis candidatos do PT e do PL, respectivamente Lula e Bolsonaro. “Tem ganhado força no PDT a ideia de uma aproximação do partido com as demais lideranças da terceira via, após o fim do projeto presidencial do ex-juiz Sérgio Moro (União). Esse tema deverá ser pauta de conversas na legenda do presidenciável Ciro Gomes, nas próximas semanas, já que os demais partidos desse grupo (PSDB, União, MDB e Cidadania) deixaram as portas abertas para ele participar dos debates sobre a definição de um candidato único contra a polarização na corrida ao Palácio do Planalto”, diz um trecho da primeira nota.

E prossegue: “A costura de uma aliança esbarra na indisposição em admitir a possibilidade de Ciro não ser candidato. “Ele é quem tem se mostrado mais viável para vencer a polarização. Defendo que converse, sem compromisso de abrir mão de candidatura”, disse o deputado André Figueiredo (PDT-CE)”. Ciro Gomes trabalha para disputar o cargo de presidente da República desde o encerramento da eleição nacional de 2018, quando ele ficou na terceira colocação. Ciro comentou muito pouco sobre sua conversa com Luciano Bivar, na presença de Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, um sinal muito evidente do pouco interesse em participar da aliança em formação. Realmente não é fácil de ele compor com partes de políticos filiados ao MDB e ao PSDB, mesmo que isso tenha a significação de ser necessário para ajudar a derrotar Lula e Bolsonaro, no seu dizer: “um coisa ruim e outro pior”.

Mas se de um lado o presidenciável do PDT não está motivado a participar do grupo defensor de um candidato único, no espaço da terceira via, de outro ele acelera os passos na busca de ter um partido forte como aliado. Nesta quarta-feira (6), também foi destaque no site do mesmo O Estado de S. Paulo um encontro que ele teria, acompanhado do irmão senador Cid Gomes, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, com vistas a aproximar-se de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, cujas tentativas de ter um candidato a presidente do próprio partido resultaram frustradas até aqui, a partir do próprio Rodrigo Pacheco, e depois com o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Kassab, recentemente no Ceará, conversou longamente com Cid Gomes, principalmente sobre a aliança estadual do PDT com o PSD.

De fato, sem um entendimento amplo entre todos os dirigentes partidários que se opõem aos candidatos Lula e Bolsonaro, a tendência é a polarização chegar ao estado da irreversibilidade. A concentração de esforços, de desprendimento pessoal, em busca de oferecer uma alternativa ao eleitorado brasileiro, exigem rapidez nos entendimentos. Embora, para alguns, a polarização já esteja consolidada, não devem os contestadores dela cruzarem os braços. Na política, de repente surgem momentos que alteram toda a realidade aparentemente imutável. E, talvez por isso, comumente afirmam os mais experientes: na política não há o impossível. Uma candidatura pode nascer e morrer a qualquer momento da campanha eleitoral; e seis meses, o tempo que temos até o dia da votação, para qualquer candidatura é uma verdadeira eternidade.

A senadora Simone Tebet, no grupo do MDB, União Brasil, PSDB e Cidadania, é o nome mais forte para unir, mas não sendo ela a única candidata dos opositores de Bolsonaro e Lula, pouquíssimas chances terá de furar o cerco da polarização. É importante termos um consenso nos partidos de oposição ao PL e ao PT, para o surgimento de um único candidato não populista como são Bolsonaro e Lula.

Veja comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: