Deputado Acrísio Sena (PT) criticou a privatização da antiga Coelce e chegou a cogitar revisão da concessão à Enel. Foto: ALECE.

O reajuste de 25% na tarifa de energia no Ceará para os próximos meses, proposto pela Enel e acatado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foi um dos temas mais comentados por deputados da Assembleia Legislativa durante as atividades desta quarta-feira (20).

O tema uniu governistas e opositores contra a empresa Enel, que chegaram, inclusive, a propor a reavaliação da concessão do serviço prestado pela fornecedora.

O deputado Acrísio Sena (PT) é um dos deputados que mais têm demonstrado contrariedade com a medida, chamando de “assalto” o aumento do valor do fornecimento de energia em um momento de recuperação da economia no Estado.

“O aumento é um assalto à mão armada contra o consumidor, que vai prejudicar desde o cidadão mais carente até o comércio, a indústria e toda a cadeia produtiva. Pedimos ao PROCON da Assembleia para convocar a Enel para explicar este percentual abusivo”, defendeu o petista.

Ele também questionou a atuação e interesse da atuação da Aneel que aprovou o aumento para o Ceará, Bahia, Rio Grande do Norte e Sergipe. “Que saudade da Coelce! A privatização só serviu para piorar os serviços e aumentar os preços. Vale a pena renovar esta concessão? A Aneel tem enorme responsabilidade. O aumento parece que foi combinado. Ao mesmo tempo que Governo Federal anunciou o fim da bandeira vermelha nas contas, autorizou este aumento absurdo”, pontuou.

Fernando Hugo (PSD), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, se reuniu com Walter Cavalcante (PV) e a diretora presidente da Enel Ceará, Márcia Sandra Roque. Segundo ele, foi cobrado uma justificativa para esse aumento e Márcia Sandra apontou como culpada a Aneel, “que já assinou a tal proposta de reajuste e será publicada hoje no Diário Oficial da União. O Governo Federal está cobrando agora os benefícios dados durante a pandemia”, informou.

“Seremos todos afetados, independente do setor produtivo. Isso só demonstra a falta de estratégia para energias renováveis e baratas do Governo Federal”, condenou Salmito Filho (PDT). Dra. Silvana (PL) disse estar “estarrecida” com o aumento, que para ela foi “descabido”.

Demissões

O deputado Danniel Oliveira (MDB), por sua vez, convocou os parlamentares a não se calarem diante do reajuste. “Isso impacta diretamente na vida do mais pobre ao mais rico. Reflete na mesa do cearense, em demissões. As agências reguladoras permitiram isso e temos que cobrar das nossas bancadas federais, pois não podemos deixar que castiguem o nosso povo”, reclamou.

Delegado Cavalcante (PL), por sua vez, criticou a “má prestação” dos serviços bem como a falta de qualidade no atendimento, que segundo ele, prejudicam o consumidor final. “Esse aumento não se justifica já que, no último ano, a empresa lucrou 84%. Fica aqui a nossa indignação e estamos vendo como vamos proceder em relação a esse aumento excessivo. Precisamos tomar uma providência”, sugeriu.