Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE.

A partir deste 3 de março, e até primeiro de abril, período da chamada “Janela Partidária” deste ano, os dirigentes partidários e os candidatos a cargos proporcionais (deputados estaduais e federais) aceleram os entendimentos para ultimarem as filiações, pois no dia 2 do próximo mês todos os pretensos candidatos terão de estar oficialmente filiados. Alguns, por razões várias, vão esperar até o último momento para a tomada de decisão. São aqueles sem qualquer compromisso com essa ou aquela agremiação, filiando-se naquela onde supostamente terá mais chances de ter sucesso eleitoral. E destes aproveitam-se alguns dirigentes ao apresentarem números imaginários de votos dos já filiados às suas siglas, como se eles fossem a garantia de sucesso eleitoral para os de menor potencial eleitoral. Um verdadeiro engodo.

Tem liderança política local fazendo projeções sonhadoras. Se os números deles fossem atingidos seriam eleitos mais de 100 candidatos para a Assembleia Legislativa do Ceará, e uns 50 para a Câmara Federal. E os votos a serem apurados só permitirão eleger 46 deputados estaduais e 22 federais. Nenhum dos atuais partidos cresceu para eleger muito mais do que elegeu no pleito de 2018. Vamos ter diferença substancial, sim, mas em razão das mudanças ocorridas com a fusão do PSL com o DEM, fazendo nascer o União Brasil, e no PL, hoje o partido do presidente Jair Bolsonaro. As duas siglas farão a diferença na eleição de filiados para o Legislativo, notadamente se o União ficar sob o comando da oposição ao Governo do Estado. Os demais, até o momento, não forneceram elementos para avaliações diferentes dos resultados apresentados em 2018.

Conhecendo os números da eleição de 2018, quando, pela última vez os partidos agruparam-se em coligações proporcionais, agremiações elegeram filiados com os votos da coligação. Agora, sem as coligações, eles terão que ter os seus próprios votos, sob pena de perderem as vagas que ocupam. O PT, tem três deputados federais por conta da coligação. Ele somou um total de 522.986 votos, o suficiente para eleger apenas dois deputados federais, mas as sobras, somadas aos votos de outros candidatos da coligação garantiram-lhe a terceira vaga. Sem coligação, o PROS recebeu 448.211 e elegeu dois parlamentares federais. As sobras não tinham como ser somadas a outras. E por não terem ampliadas as suas bases, siglas que elegeram um só deputado com a ajuda de terceiros estão buscando filiar quem possa conseguir a partir de 5 mil votos para deputado federal, para, tendo a garantia da campanha paga, ajudar a somar votos para completar o mínimo de 200 mil, o necessário para ter o mandato de deputado federal.

O total de votos válidos para deputado federal em 2018 foi 4.596.080. Se repetido este número (é possível aumentar um pouco), cada deputado, isoladamente, precisará de 208 mil votos para conquistar o mandato. A única ajuda que ele pode receber é do próprio partido, como foi o caso do deputado Vaidon Oliveira, eleito pelo PROS com apenas 30.392 votos. Ele beneficiou-se da votação do deputado Capitão Wagner, do seu partido, que recebeu 303.593 sufrágios. O quadro para o preenchimento das vagas na Assembleia não é diferente. Cada deputado estadual vai precisar, no mínimo, de 100 mil votos para conquistar uma cadeira. Poucos tiveram esta votação em 2018 e beneficiaram-se com a votação dos derrotados que disputaram por partidos coligados.

No sistema sem coligações proporcionais os principais adversários estão dentro do mesmo partido, exigindo que um candidato queira sempre ter mais votos que o correligionário para não ser surpreendido, sem desprezar o movimento dos partidos de oposição. Esta, pela polarização na disputa presidencial entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula, tende a crescer no Ceará. E algumas cadeiras na Assembleia e na Câmara dos Deputados ela (oposição) provavelmente tomará dos aliados do Governo do Estado, restando aparentemente seguro, até agora, apenas o grupo do PDT e do próprio PT. Estes têm a retaguarda do próprio Governo do Estado, e, em proporções diferentes, dos seus candidatos à Presidência da República, embora a oposição também desfrute da força do candidato Jair Bolsonaro, notadamente os filiados ao PL, o partido do próprio presidente.

Comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: