Senador Cid Gomes cumprimenta ex-prefeito Roberto Cláudio ao lado do governador Camilo Santana. Foto: Facebook/cidgomes.

O candidato a governador indicado pelo PDT para suceder Izolda Cela, a vice-governadora que a partir do dia 2 de abril substituirá o governador Camilo Santana, após ele renunciar ao mandato para cumprir a Lei Eleitoral, na parte da obrigatoriedade da desincompatibilização, deverá ser anunciado bem perto do encerramento do prazo para homologação de candidaturas. Será surpresa se acontecer antes. E, sem dúvida, não será por dúvida sobre o nome dele no restrito grupo de decisão. É uma estratégia adotada, talvez até para preservar, ainda por um pouco tempo, o candidato preferido, mesmo irritando alguns aliados, como aconteceu na indicação do nome de Camilo Santana para disputar o seu primeiro mandato de governador.

Naquela época, em 2014, como hoje, a base governista dizia ter quatro nomes buscando apoios externos para o respaldo de seu projeto de ser candidato a governador (Domingos Filho, Izolda Cela, Mauro Filho e Zezinho Albuquerque). Dois deles reagiram quando o então governador Cid Gomes, à noite da véspera do encerramento do prazo das convenções, no Palácio da Abolição, anunciou que o candidato seria Camilo Santana, um filiado ao PT, dando a Zezinho Albuquerque a primazia de escolher uma das duas outras vagas na chapa majoritária: senador ou vice-governador, e a Mauro a vaga remanescente, admitindo a aceitação de Zezinho por uma das duas. Mas este foi incisivo no não. Mauro, nem tanto, e lhe foi dado um tempo para decidir sobre a vaga de senador, pois de imediato Izolda foi indicada para a vice. Domingos Filho que era o vice-governador de Cid, aceitou calado, embora contrariado com o resultado.

A insatisfação durou pouco tempo. Agora, quatro anos depois, com a mesma tática de quatro nomes disputando a indicação para o cargo de governador, todos eles sabem ser uma ficção a existência desse núcleo competidor. Assim, não haverá o descontentamento na dimensão do registrado em 2014. Até pelo fato de os aparentes concorrentes estarem acompanhando a desenvoltura do ex-prefeito da Capital, Roberto Cláudio, respaldado, sem dúvida, pelo grupo decisório central, onde estão os irmãos Ciro e Cid Gomes. Uns pedetistas, fora do grupo dos quatro (Evandro Leitão, Izolda Cela que sempre têm dito não estar concorrendo, Mauro Filho e Roberto Cláudio), chama atenção para o fato de o principal assessor de Roberto, no trabalho como pré-candidato, ser o Valdir Fernandes, conhecido como o “faz tudo” de Cid Gomes, antes, durante e depois do período de Cid governador. Os mais afoitos, por isso, já têm Roberto como o escolhido.

O governador Camilo Santana, provavelmente não interferirá na escolha do candidato do PDT, mas será o seu fiador junto ao PT cearense, como já estava acertado desde o ano passado, quando o ex-presidente Lula esteve reunido com o senador Cid Gomes e o governador. Na entrevista à Rádio Progresso de de Juazeiro do Norte, na última quinta-feira (17), Lula ratificou, publicamente, essa posição de Camilo como fiador, por isso com autoridade de convencer os petistas a confiarem no nome escolhido. Esse convencimento está explícito desde quando o diretório estadual do partido, liderado pelo deputado federal José Guimarães aprovou a aliança. Restando, assim, desautorizados os discursos dos deputados federais José Airton e Luizianne Lins, em defesa de uma candidatura própria do PT sob a alegação de haver necessidade de o ex-presidente ter o seu palanque próprio.

Essa questão de palanque próprio para Lula, levantada por uns poucos petistas, também servirá de argumentos para os pedetistas adiarem a indicação pública do nome do candidato a governador. Camilo Santana, ao que se sabe, concorda que demande mais um certo tempo para a formação definitiva da chapa majoritária de que fará parte. Ele precisará de um certo tempo, logo depois da renúncia ao mandato, para organizar a sua estrutura de campanha, mantendo um razoável distanciamento até para os aliados entenderem que não é mais ele o governador do Estado, e, portanto, evitar ser assediado como o governante sempre o é, principalmente se este for também candidato a um cargo majoritário, quando todos os cuidados devam ser tomados para evitar os desgastes quando os pedidos não podem ser atendidos.

O Governo de Izolda será, praticamente, a continuidade do de Camilo, mas a caneta está com ela e, consequentemente, tudo dependerá dela, filiada ao PDT, o que por certo período de tempo não será entendido pelos petistas que cobrarão de Camilo posições político-partidárias como se ele ainda fosse o governador.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre fala do ex-presidente Lula, em entrevista de rádio, quando abordou a escolha do futuro candidato a governador do Ceará: