Acrísio Sena (PT) vai acompanhar a mesa de negociação entre Enel e os provedores de Internet. Foto: Reprodução/Instagram.

Os deputados estaduais Delegado Cavalcante (PTB) e Acrísio Sena (PT) estiveram presentes, na manhã desta segunda-feira (21), em protesto realizado por provedores de Internet que criticavam o aumento da empresa Enel para os serviços prestados junto ao segmento.

Acrísio afirmou que, a partir de quarta-feira (23), irá mobilizar seus pares na Assembleia Legislativa do Ceará para tentar evitar esse reajuste. Já Delegado Cavalcante pediu que os manifestantes não acreditassem na Assembleia, pois vários deputados tiraram suas assinaturas de um pedido de CPI para não investigar a Enel.

Sena participou da carreata dos provedores, que saiu do bairro Castelão em direção à Enel que fica na Avenida Padre Valdevino, 150, com parada na Praça Portugal. “São mais de 400 empresas que geram cerca de 90 mil empregos diretos que estão na luta contra este aumento, que pode comprometer o serviço para as centenas de comunidades no campo e na cidade”, disse o petista.

Ainda de acordo com ele, os provedores terão uma mesa de negociação nesta terça-feira (22) de manhã com a empresa. “Caso não haja resultado, eles farão uma tribuna livre na quarta, na Assembleia Legislativa, pedindo apoio aos deputados. Falarei sobre o tema na sessão ordinária. Vamos abraçar esta luta”, afirmou.

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) estima reajuste de até 70% no preço cobrado pelos pacotes de internet banda larga no Ceará a partir do mês de março. O aumento será em decorrência da implementação, por parte da Enel, de uma segunda taxa por instalação dos equipamentos necessários para distribuição da rede de Internet nos postes de energia elétrica. “Isso vai afetar diretamente a sobrevivência das pequenas empresas, e quem vai perder é o cidadão”, protestou Acrísio.

Já Delegado Cavalcante (PTB) apontou que oito deputados chegaram a tirar suas assinaturas de um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a empresa. “Não confiem na Assembleia Legislativa, porque lá tem oito deputados que retiraram as assinaturas da CPI. Essa empresa é uma concessão e jamais poderia fazer isso com vocês. Ela cobra, de forma abusiva, quatro vezes mais o valor estipulado pela Anatel”, disse.

Cavalcante também chamou atenção durante o protesto ao instigar que os manifestantes hostilizassem uma equipe de reportagem da afiliada da Rede Globo no Ceará que estava no local do protesto registrando o evento O parlamentar, aliado do presidente Jair Bolsonaro, manda que alguns dos presentes entoassem gritos de “Globo lixo”.

Leia Nota de Repúdio do Sindjorce e da FENAJ

“O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vêm, publicamente, repudiar a atitude do deputado estadual Delegado Cavalcante (PTB), de instigar manifestantes em um ato de protesto contra o aumento de tarifas de internet em Fortaleza a intimidar profissionais da imprensa que estavam realizando cobertura jornalística. O fato aconteceu nesta segunda-feira (21/02).

Segundo o jornal O Povo, Cavalcante esqueceu que estava com microfone e foi visto instigando os profissionais a irem “pra cima” de trabalhadores da TV Verdes Mares, afiliada da Globo em Fortaleza. “A Globo está ali. Vão para cima, vão. Vai, vai”, diz o parlamentar, enquanto aborda algumas pessoas. O bolsonarista então continua caminhando pela região e, ao apontar para profissionais da empresa de comunicação, pede para que outro grupo chegue perto e grite a frase “Globo bosta”.

Cavalcante, como bolsonarista raiz que é, não gosta de jornalismo. Há cerca de duas semanas, os novos seguidores do deputado estão sendo alertados pelo Instagram de que o parlamentar publica insistentemente informações falsas.

Historicamente, em períodos eleitorais crescem as agressões aos jornalistas, evidenciando que nem sempre as regras democráticas e o respeito às instituições da democracia – entre elas a imprensa – são respeitados por aqueles que querem se eleger representantes do povo.

O Sindjorce e a FENAJ alertam para o perigo das intimidações aos profissionais que visam, invariavelmente, cercear a liberdade da informação jornalística. A crítica, muitas vezes legítima, não pode ser confundida com um pretenso “direito à violência”, ainda que verbal.

Sindicato e FENAJ prestam sua solidariedade aos profissionais e conclamam a sociedade a repudiar toda e qualquer forma de agressão aos jornalistas. Cidadãos e cidadãs têm direito à informação e o Jornalismo é a atividade profissional por excelência que torna efetivo esse direito.

Fortaleza, 21 de fevereiro de 2022

Diretoria do Sindjorce

Diretoria da FENAJ”