Lamentavelmente, em outubro deste ano, raríssimas opções terão os eleitores cearenses para escolher o futuro Governador do Estado. Até aqui, forçoso é reconhecer, as administrações estaduais, mesmo sem uma oposição capaz de cobrar mais efetividade dos governantes, têm apresentado resultados satisfatórios, mas a cada eleição fica menor o quadro de opção ofertado ao eleitor pelos partidos. Faltando muito pouco tempo para oficialização das candidaturas, só dois postulantes à sucessão do governador Camilo Santana, estão no páreo. Um das oposições, praticamente já definido, e outro do bloco governista, que só os pedetistas Ciro e Cid Gomes sabem quem será.

E não há mais tempo para se ter um outro candidato em condições competitivas e preparado para assumir o Governo, em janeiro do próximo ano. Um pretendente a cargo de tão importante posição não se faz de um dia para o outro. E também não é qualquer um que possa ser apresentado como competente para gerir o Estado, mesmo organizado como está o Ceará, que, como toda máquina pública, cheio de problemas e complexidades expressivas a demandar equilíbrio, discernimento, espírito público e sobretudo bom senso do gestor para a tomada de decisões, seja de fato confiável. Os partidos não preparam seus filiados para governar a Nação, os Estados e os Municípios.

E talvez por isso muitos chegam a esses postos como aventureiros, gerando, quase sempre, prejuízos enormes à população. Com a quantidade de agremiações partidárias que temos hoje é injustificável não termos ao menos cinco bons candidatos a governador do Ceará, permitindo ao eleitor fazer o seu juízo sobre cada um deles. Os partidos deveriam apresentar nomes de candidatos à chefia dos executivos bem antes do ano eleitoral para permitir que eles mostrassem suas qualidades e posições sobre os mais diversos temas da administração pública. O discurso da campanha é insuficiente, principalmente pelo fato de, também, sempre ser maquiado. Preparado para enganar o eleitor, muitos desses pouco interessado no futuro do Estado, também pela falta de discussão, pelos próprios candidatos, das questões que são mais caras ao próprio eleitor.

Vamos ter sim, mais que dois candidatos a governador do Ceará neste ano. Serão nomes jogados ao vento por alguns dos partidos que entendem dever ter candidatos para conseguirem alguns votos a mais para os seus filiados que disputam vagas na Assembleia e na Câmara dos Deputados, além de ser mais um instrumento de negociação que, no pós campanha, traga alguma vantagem aos donos dessas agremiações, uma prática, sem dúvida, execrável. Além de não haver nomes competentes e competitivos para disputarem o Governo do Ceará, também não temos, de igual modo, postulantes à vaga de senador da República, tanto que não se fala em outro candidato além de Camilo Santana, que acabará sem um concorrente à altura. Isso ocorrendo, como está delineado, frustra o eleitorado, mesmo que ele queira premiar o seu governador com a cadeira no Senado.

É tempo de as lideranças políticas cearenses, tanto as que estão no Governo quanto nas oposições, atentarem para a necessidade de oxigenarem as suas bases. Elas, com honrosas exceções, não estão garantindo os espaços necessários ao surgimento de novas lideranças. E sem uma renovação dos quadros todos acabam perdendo, pois dão margem ao surgimento de aproveitadores despreparados. Como os partidos estão sempre a servir aos seus donos, os que galgam o Poder poderiam assumir a responsabilidade de fazer a renovação, dando bons exemplos de espírito público e abrindo espaços nos diversos partidos para novas filiações, principalmente pelo fato de estas existirem apenas nos períodos de pré-campanha para servir aos interesses dos donos das agremiações. Não há seleção de filiados nos partidos. Ao contrário, a maioria deles está interessada apenas no quantitativo e não no qualificativo.

Alguns governadores do Ceará, e até prefeitos de Fortaleza, perderam oportunidades de dar uma boa contribuição à política cearense, no campo da renovação de quadros. E não se está falando aqui de oportunidades com a utilização da máquina pública. Esta, além de ser abominável, faz degradar ainda mais o ambiente político que, também, lamentavelmente, não é privilégio do nosso Estado. O cenário nacional é talvez o pior de todos, tanto que experimentamos uma polarização envolvendo o atual e um ex-presidente da República, ambos de ações políticas muito questionáveis.