Entrevista coletiva de Lula. Foto: Reprodução/Blog do Edison Silva.

O ex-presidente Lula, mesmo dizendo que ainda não sabe se será, neste ano, candidato à Presidência da República, respondeu hoje (19) a várias indagações de jornalistas, representantes de sites independentes, falando como candidato e ofereceu soluções para alguns dos problemas brasileiros, resgatou feitos dos seus governos e falou sobre a necessidade de irresignação da população para que o País seja reconstruído. Ele encerrou a entrevista prometendo fazer uma campanha leve, limpa e sem responder baixarias.

Lula, ao longo de mais de uma hora de entrevista, não fez referências aos candidatos Ciro Gomes e João Doria, limitando-se a atacar Bolsonaro e vez ou outra o ex-ministro Sérgio Moro. Ele não só passou a ideia como afirmou estar interessado em reunir o maior número de lideranças políticas, admitindo, inclusive, que fará um Governo não de esquerda, como se propala, mas de Centro, e até com pessoas de centro-direita, para ser de fato uma administração inclusiva, a partir da formação das alianças.

Ele não poupou ironias acompanhadas das críticas a Bolsonaro, como ao dizer que o atual presidente poderia fazer como fez o ex-presidente João Figueiredo, que para não transmitir o cargo saiu do Palácio pelas portas dos fundos. E também ironizou ao falar da última hospitalização do presidente Bolsonaro, ao denunciar que o Governo Federal pagou R$ 600 mil para um avião trazer do exterior o médico para ensinar a Bolsonaro como comer camarão, coisa que ele próprio poderia ensinar, tirando as cascas da espécie e mastigando suficientemente. Mas a entrevista também o motivou a falar de coisas sérias, pois foi uma sinalização do que ele pretende dizer, com mais abrangência na campanha eleitoral.

As perguntas foram feitas por amigos do ex-presidente, algumas delas, porém, reclamaram um posicionamento de Lula quanto à aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que, até internamente no PT tem motivado protestos, mas Lula não tergiversou, embora em nenhum momento tenha confirmado que ela já está sagrada. Alckmin foi elogiado, comparado a José Alencar, o seu vice-presidente nos dois mandatos que exerceu, e fez questão de alargar os elogios ao PSDB de Mário Covas, José Serra e Fernando Henrique, claro, excluindo Doria, o atual governador e um dos seus prováveis adversários. Não deixou dúvida, implicitamente, que Alckmin deverá ser o seu companheiro de chapa.

Ele falou muito mais. Ouvirá respostas, principalmente dos que foram acusados, mas, como na sexta-feira (21) será a convenção nacional do PDT e Ciro vem prometendo um discurso forte na ocasião, a fala de Lula, embora não o tenha citado, estimulará o cearense presidenciável a fazer algumas contestações ao que disse Lula. Ciro tem o petista como o seu principal alvo, talvez, em parte, por sentir-se traído por ações de Lula, ainda nas eleições de 2018, quando praticamente o ex-presidente teria forçado o PSB a não emprestar apoio à candidatura de Ciro. Neste ano, Lula praticamente já afastou o PSB de uma possível aliança com o cearense. Nas eleições municipais de 2020, para conquistar o apoio do PSB neste ano, o PDT fez várias concessões, incluindo na disputa pela Prefeitura do Recife.

Além de Ciro, João Doria, embora não tenha sido alvo de Lula na entrevista citada, haverá de contestar alguns argumentos apresentado pelo ex-presidente, pois, como Ciro, o governador de São Paulo precisa contestá-lo para, na tentativa de atrair eleitores, deixar que o discurso de Lula motive questionamentos sobre se há de fato seriedade no que ele disse.

Veja trecho da entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: