Acrísio Sena defende que PT Ceará realize discussão interna sobre candidatura própria, mas avalia que decisão nacional se sobrepõe à local. Foto: Miguel Martins.

O deputado estadual Acrísio Sena (PT) acredita que uma eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República significaria algo para além da disputa eleitoral, visto que aponta para a construção de uma frente ampla de reconstrução nacional do País.

De acordo com ele, ainda que haja resistência interna do Partido dos Trabalhadores do Ceará em relação a apoio de uma candidatura pedetista ao governo do Estado, o cenário nacional deve definir decisões locais da legenda no tempo certo.

“Eu acho que as pesquisas apontam crescimento da candidatura do ex-presidente Lula não só no Nordeste, mas no Sudeste. É importante para trazer novas configurações. Acho que aponta para o sentido de frente ampla de reconstrução nacional da economia, da democracia e respeito das instituições”, disse o petista.

Segundo ele, o flerte com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é uma prova disso, podendo produzir desdobramentos em nível nacional, com possibilidade de atração do PSD de Gilberto Kassab e o PDT de Ciro Gomes. “Isso ajuda em nível nacional à configuração dos palanques estaduais. Terá grande desdobramento em cada Estado e aqui no Ceará, que desde o início vemos a história de candidatura do Ciro e do Lula, será um grande debate nosso”, disse Acrísio.

De acordo com ele, a federação partidária é outro ponto a ser definidor da postura a partir dos próximos meses. Atualmente, o PT tem um diálogo forte com PCdoB e PSB com vista a construção de um bloco entre essas legendas para atuação na próxima Legislatura. Há conversas com PV e PSOL e para Acrísio Sena, uma possibilidade de atração de PSD e PDT.

Para o petista, do ponto de vista do debate nacional, a Federação ajudará na construção de um palanque nacional à uma eventual candidatura de Lula o que levará as agremiações a discutirem o tema em nível local. “Estamos muito tranquilos e com boas expectativas que essa construção se dê em âmbito nacional e estadual, até porque PT e PDT estão juntos no Ceará desde 2006”, avaliou. Ele se refere a petistas e ao grupo liderado no Estado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes.

Governo do Estado

Ainda segundo Acrísio, as pesquisas eleitorais recentes apontam que a chamada terceira via política ainda não vingou, e se isso não acontecer até abril próximo, os pretensos candidatos que tentam se consolidar na disputa eleitoral terão que tomar um rumo diferente para 2022. “Se essa configuração nacional do palanque do Lula se der com PSD e PDT, a tese de candidatura própria no Ceará não se dará. Mas o PT sempre teve a tradição de debater teses e ideias, e acho isso legítimo”, disse.

Atualmente, somente os deputados federais José Airton Cirilo e Luizianne Lins defendem a tese de candidatura própria do PT ao Governo do Estado. Segundo Acrísio Sena, não há pressa para essa definição e é preciso que se escuta com as bases do partido em todas as regiões do Cerará, o que deve ocorrer quando dos encontros de tática eleitoral. “A vida e o calendário eleitoral se encarregarão de definir a melhor tese para o Estado, mas faz parte da democracia do PT ter tese da candidatura própria. No entanto, a diretriz nacional se sobrepõe aos Estados”.