Foto: reprodução/PDT.

A convenção nacional do PDT, realizada nesta sexta-feira (21), em Brasília, foi uma proposta ousada para alavancar a pré-campanha de Ciro Gomes, tocada com o ingresso de Sergio Moro na corrida presidencial, que, surpreendendo a muitos, registram as pesquisas, passou a ser o principal concorrente de Ciro no grupo dos que querem implodir a polarização entre as postulações de Bolsonaro e Lula. E foi ousada por ter colocado, de forma clara, o cerne do projeto do candidato para governar o País, estimulando o brasileiro a reclamar dos demais pretensos concorrentes que também mostrem suas propostas e o debate entre eles passe a ser, de fato, sobre o futuro do Brasil.

Ciro, mostram os resultados das últimas eleições presidenciais, isoladamente, é uma das poucas lideranças nacionais. Tem-lhe faltado o poder de reunir apoios partidários que lhes permita maior espaço para propagação de suas ideias e contestar o que se tem feito de nocivo à população. E esta sua quarta campanha para chegar ao Palácio do Planalto, embora ainda tenhamos um bom tempo até chegar o momento das homologações das candidaturas, entre meados de julho e agosto próximos, parece estar no caminho de repetir aquela de 2018, disputar unicamente com a força do seu PDT, uma agremiação, reconheçamos, sem a musculatura suficiente para bancar sozinha uma eleição presidencial. Mas nem tudo que parece ser, é, aguarde-se o tempo restante para a consolidação das coligações partidárias.

O principal alvo de aliança do PDT é o PSB, que também o era em 2018. Uma intervenção direta do ex-presidente Lula, ainda preso, tirou o PSB dos braços do PDT e o levou para apoiar a candidatura do petista Fernando Haddad. Foi o estopim do rompimento de Ciro com Lula, hoje, indiscutivelmente, o seu primeiro adversário, tantas são as críticas e acusações contra ele desferidas. Novamente, agora, o PT tem trabalhado para manter o PSB como aliado, apesar dos entendimentos que vinham sendo mantidos com o PDT, desde a eleição municipal de 2020, quando, por intervenção de Ciro foram feitas algumas concessões para o PSB eleger, inclusive o prefeito de Recife, Capital do Estado de Pernambuco, a principal base do PSB.

Não exagera quem afirmar, que depois de Leonel Brizola, uma das grandes lideranças nacionais, mesmo perdendo as duas eleições presidenciais das quais participou diretamente, e uma como vice de Lula, mas foi governador de dois importantes estados brasileiros (Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, neste por duas vezes), Ciro tem mantido o PDT, criado por Leonel Brizola, numa boa posição dentre todos os demais partidos nacionais. E parece que o comando do partido reconhece isso, tanto que, até onde é sabido, tem investido na candidatura de Ciro, como faz agora ao montar uma melhor estrutura já sentida após a contratação do marqueteiro João Santana, conhecido pelo seu trabalho feito nas campanhas de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, apesar do abalo sofrido ao ser preso por receber a paga do seu trabalho para o PT com recursos do chamado caixa 2, o que não o desmerece como profissional.

O momento político nacional ainda é de indefinição, embora possamos dizer que as candidaturas de Bolsonaro e de Lula já possam ser consideradas irreversíveis. Mas mesmo elas ainda estão precisando de acertos quanto a apoios por conta do Calendário Eleitoral. E temos insistido nessa tecla. Ora, até o dia 2 de abril, limite do prazo de filiações partidárias e de registro de Federação Partidária, não há clareza quanto ao tamanho de partidos e de agrupamentos em Federação. Depois dessa data, porém, é que as negociações para formação das alianças serão efetivadas. Ademais, antes de tudo, está nascendo um novo partido, o União Brasil, resultado da fusão do PSL com o DEM. Ele será o segundo ou terceiro grêmio partidário do País, dependendo da quantidade de deputados dos dois partidos que procurarão outras agremiações mais próximas a Bolsonaro.

Com o União Brasil oficializado, ainda é possível ter-se um outro candidato a presidente da República, ou mesmo o Sergio Moro, trocando de partido para ter uma candidatura com maior estrutura e, claro, em condições de oferecer mais espaço para os candidatos aos diversos legislativos. Tudo isso ainda está indefinido e, devidamente claro só ficará depois de dois de abril e próximo das convenções homologatórias das candidaturas.