Pré-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes. Foto: Arquivo.

O PDT nacional tem na sua convenção da próxima sexta-feira (21), em Brasília, uma nova ação para alavancar a pré-campanha de Ciro Gomes, abalada com a entrada do ex-juiz Sergio Moro na disputa por espaço na chamada terceira via. Ciro, hoje, na ordem dos resultados das últimas pesquisas ocupa a quarta posição, depois de Lula, o líder, e Bolsonaro em segunda. Moro está em terceiro lugar. A distância do dia da votação e da campanha propriamente dita, nos permite dizer que essas pesquisas, com o respeito devido aos institutos confiáveis, embora identifique a realidade do momento, não passam, de fato, de instrumentos de animação política, até pelas respostas dos entrevistados não guardarem, no todo, o sentimento que a campanha forjará em cada eleitor, sobretudo nos desengajados, nos dois últimos meses da disputa.

O próprio Ciro, ao chamar para a convenção em suas redes sociais, anuncia que nela (convenção) “vai ter discurso forte e apresentação da nova cara da minha pré-campanha pelo Projeto Nacional de Desenvolvimento“. João Santana, o marqueteiro que trocou o PT pelo PDT, por certo apresentará o embrião da campanha, antecipando-se a todos os demais pretensos candidatos à sucessão presidencial. Santana, evidente, será o responsável pela imagem e slogan da campanha, e já buscará, mesmo com toda a antecedência, impactar o ambiente eleitoral. O discurso do candidato, forte, não no sentido de agressividade, mas de conteúdo, por apresentar propostas ousadas que permitam ao eleitor ter uma alternativa às tradicionais promessas, notadamente nos campos da educação, saúde, segurança, meio ambiente, emprego e outros, completará o projeto.

A convenção, pela determinação do candidato e a mobilização da direção nacional do PDT, é decisiva para o novo estágio da campanha. Ciro precisa voltar a consolidar sua posição de terceira força para, na segunda etapa, estar respaldado por significativa parte do eleitorado que hoje, por razões diversas, rejeita a polarização entre Lula e Bolsonaro. O fator Moro exige isso. Mantido na posição surpreendente que alcançou, as avaliações de que não decolaria, não concretizaram-se, e ainda pode ser visto pelo eleitor como o elemento capaz de fragilizar o quadro realimentado por Lula e por Bolsonaro. Os dois não querem um outro concorrente perto deles, principalmente se este for o Ciro, cujo discurso chama mais atenção do eleitor, tanto na apresentação de propostas como nas críticas aos adversários, pois ambos, Lula e Bolsonaro já tiveram condições de fazer e não fizeram.

Ademais, uma forte estrutura partidária nascida da fusão do PSL com o DEM, o União Brasil, pode dar musculatura à postulação de Moro. Isso só não acontecerá se o ex-juiz perder o terceiro lugar que tem atualmente, conforme registro das pesquisas. Também por isso, Moro é, atualmente, o principal adversário de Ciro, inclusive na composição de alianças partidárias, pois já tem próximo de si o União Brasil, o novo partido identificado com a direita como Moro o é. E Ciro tem encontrado dificuldade de formar alianças. Um aliado preferencial, o PSB, é bem mais vinculado ao ex-presidente Lula, embora o PDT e o próprio Ciro tenham feito algumas concessões ao partido, em vários estados, principalmente em Pernambuco, onde o PDT perdeu um deputado federal, Túlio Gadelha, pois ele queria ser candidato a prefeito de Recife em 2020, e o PDT negou-lhe a legenda para votar em João Campos do PSB.

Aliás, talvez a principal dificuldade de Ciro seja o isolamento do PDT. Até então tido como uma sigla de esquerda, embora não a seja, o partido aceitou até bem pouco tempo ser um coadjuvante de campanhas do PT, tanto que o rompimento de Ciro com Lula, no pleito de 2018, foi criticado por alguns. E vários dos que reclamam da situação atual da campanha de Ciro, dizem outros do meio político, gostariam de já estar com Lula. Assim, os efeitos da convenção de sexta-feira (21), quaisquer que sejam eles, embora não abra espaço de imediato para negociações de alianças partidárias, indiscutivelmente motivará uma nova avaliação da candidatura presidencial de Ciro, interna e externamente, pois o evento estará sendo acompanhado por todos os coordenadores das outras candidaturas.

Os pedetistas cearenses querem dar a maior abrangência possível à convenção nacional do partido, pois aqui, mais que em qualquer outro lugar, ela precisa surtir um efeito positivo. Nesta eleição, por conta da candidatura do próprio Lula, e a condição de candidato à reeleição do presidente Bolsonaro, os liderados de Ciro precisam redobrar o trabalho para garantir que ele seja o mais votado no Estado para presidente da República, beneficiando, também, a chapa majoritária estadual.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: