A vereadora Adriana Nossa Cara demonstrou preocupação com a medida adotada pelo prefeito Sarto. Foto: CMFor.

Após anúncio da retirada, nesta terça-feira (14), do projeto do prefeito Sarto que versava sobre a obrigatoriedade do uso do “passaporte de vacinação” para ingresso nos órgãos da Prefeitura de Fortaleza, alguns vereadores protestaram. De acordo com eles, o documento é mais um mecanismo de proteção das pessoas.

A proposta deixou de tramitar na Casa, a pedido do próprio chefe do Poder Executivo municipal.

Dr. Vicente, do PT, chegou a afirmar que a proposta deveria retornar o mais depressa possível para a pauta, visto seu efeito educativo na população. No entanto, no decorrer da sessão ordinária, outros parlamentares confirmaram que o projeto só deve voltar para debate em 2022.

“Acho um absurdo. No Estado, só podem entrar nos órgãos públicos quem estiver com o passaporte sanitário. Nós, aqui, deveríamos dar o exemplo. Nós não somos negacionistas”, lamentou o Doutor.

De acordo com o petista, pelo menos 70% da população se posicionaram favorável ao passaporte de vacinação. Ele destacou, ainda, que em almoço com o governador Camilo Santana, na sexta-feira passada, no Sistema Fiec, foi exigido, e todos os presentes a apresentação do documento. “O passaporte vai impedir que pessoas que não foram vacinadas sejam contaminadas. Estamos aqui vivos devido à vacinação”, defendeu.

O vereador Gabriel Aguiar (PSOL) alertou para notícias falsas ou distorcidas que são publicadas sobre o tema nas redes sociais. Segundo disse, existe um movimento organizado antivacina na Câmara Municipal de Fortaleza. Segundo ele, a cada 10 milhões de pessoas vacinadas, aproximadamente 143 desenvolvem algum tipo de trombose. No entanto, a cada 10 milhões de pessoas que não tomaram a vacina, 1.699 apresentam casos de trombo ou acidente vasculares.

Ainda de acordo com ele, a OMS, em abril passado chegou a se colocar contra o passaporte internacional, visto as diferenças sociais e econômicas entre os países, mas que esta recomendação não teria relação com o projeto do prefeito Sarto, que versa sobre circulação de cidadãos fortalezenses nos órgãos públicos. “Eu lamento e temo enquanto cidadão e defensor da ciência, que uma série de informações distorcidas estão chegando aos colegas vereadores e temo que cheguem em pessoas que são leigas e estejam sendo balançadas, manipuladas por informações distorcidas”.

“Conseguimos avanços incríveis, salvando a vida de milhões de crianças, de bebês. Temos um passaporte para febre amarela, para a paralisia infantil, contra o tétano e outros. E hoje, tudo isso que está sendo criado aqui são anticientíficos, negacionistas, obscurantismo e a cada dia que passa essa Casa se diminui mais”- (Gabriel Aguiar)

A vereadora Adriana Nossa Cara (PSOL) também demonstrou surpresa com a decisão do Governo e reclamou que a gestão tenha concedido algumas vitórias para os conservadores da Casa. A parlamentar ainda criticou que pessoas já estariam circulando sem máscara no Plenário Fausto Arruda. Na semana passada, o presidente da Câmara, o vereador Antônio Henrique (PDT) também se posicionou sobre o assunto, afirmando que o uso da máscara ainda era obrigatório em todos os ambientes da sede do Poder Legislativo Municipal.