Sem quadros, pois os partidos políticos brasileiros só cuidam de eleição na véspera do pleito, tem sido grande a corrida de alguns dirigentes partidários no Ceará na busca de quem queira disputar um mandato parlamentar. Sem as coligações proporcionais, a ajuda para a eleição de um deputado, estadual ou federal, tem que sair da própria agremiação. E será muito alto o quociente eleitoral, a regra que define os 46 integrantes para a Assembleia Legislativa, e os 22 deputados federais do Estado.

Para eleger um deputado estadual o partido precisa ter o mínimo de 100 mil votos, e para o deputado federal 200 mil sufrágios. São poucos os que conseguem somar esses totais. E são também poucos os candidatos que recebem, individualmente, essa votação mínima. Em 2018, quando foram eleitos os legisladores que concluem seus mandatos após o pleito do próximo ano, somente dois deputados federais superaram a votação mínima, Capitão Wagner (303.593 votos) e Célio Studart (208.854 votos). Todos os demais ficaram bem abaixo de 200 mil, sendo que, por conta da coligação, ainda existente na época, o último deputado federal vitorioso, Jaziel Pereira, somou apenas 65.300 sufrágios. Por seu turno, para estadual, três deputados receberam mais de 100 mil: André Fernandes (109.742), Queiroz Filho (103.943) e Sérgio Aguiar (100.925).

O vereador de Fortaleza, Ronaldo Martins (Republicanos), em 2018 disputou a reeleição para a Câmara Federal, conseguiu 101.089 votos, mas ficou na suplência, mesmo participando de uma coligação. O seu partido é um dos maiores do País e é ligado à Igreja Universal. A agremiação de Ronaldo, onde ele é expoente no Ceará, é uma das que buscam candidatos, até emprestado de outras siglas, para ele ter uma perspectiva de conquistar um novo mandato de deputado federal. Ele, pessoalmente, está procurando em todos os lados. Tentou manter-se na oposição, para onde foi no pleito estadual passado. Conseguiu filiar ao seu partido a mulher do deputado Capitão Wagner, mas sem segurança de ela continuar lá como candidata a federal, agora ele quer voltar para o esquema do Governo estadual.

Já tratou disso com o senador Cid Gomes, com o ex-prefeito Roberto Cláudio, pela possibilidade deste ser candidato a governador, e esteve com o governador Camilo Santana. Ainda não tem garantia de conquistar o apoio que quer – conseguir alguns aliados governistas para formar a chapa do seu partido a federal, na esperança de que eles ajudem o Republicanos a somar os 200 mil votos que lhes garantam o sucesso eleitoral. Mas não é somente a sigla de Ronaldo que busca esse caminho de ter candidatos emprestados para garantir ao menos um parlamentar estadual ou federal. E, enquanto as principais lideranças desses partidos não conseguem musculaturas para suas chapas, deputados a elas filiados ficam tentando trocar de partidos na busca da sobrevivência política.

Se mantida a candidatura do Capitão Wagner ao Governo, não há, no momento, candidato a deputado federal ou mesmo a estadual com perspectiva de ter votação surpreendente. Aquela que ajuda a eleger um outro ou mais parlamentares. Isso, obriga a que todos os postulantes busquem conquistar votos suficientes para suas eleições, restringindo mais ainda os espaços.  Sem dúvida, não vamos ter deputado federal eleito com menos de 100 mil votos, nem estadual com menos de 50 mil. E isso, também, é um dos motivos para afastaram aqueles candidatos, com um potencial menos significativo de votos, de participação na disputa, como era comum ocorrer em outros pleitos em que esses apostavam no somatório dos votos das coligações.

Em 2022, diferentemente das outras eleições, a maior disputa por vaga no Legislativo será travada dentro dos próprios partidos. Nenhum dos candidatos quer ter menos votos que seus colegas de legenda, temendo a perda da vaga por diferença pequena de votos.

Jornalista Edison Silva comenta: