Governador Camilo Santana (PT) e a vice-governadora, Izolda Cela (PDT). Foto: Arquivo/Gov.CE.

Todos os ajustes de alianças e definições de candidaturas para 2022, por razões óbvias, só dar-se-ão no período compreendido entre os meses de abril e julho vindouro. Neste, acontecerão as convenções para a homologação das candidaturas, majoritárias e proporcionais. Naquele, mais precisamente no dia 2, está fincado o marco das filiações partidárias, após a tal “janela” que acontece durante o mês de março, quando todos os deputados podem trocar de partido, sem as restrições da Lei da Fidelidade Partidária. Acrescente-se ao 2 de abril, o prazo limite para a oficialização das chamadas Federações de partidos.

Até chegarmos às duas importantes datas do Calendário Eleitoral, que acontecem naqueles meses, os políticos conversam entre si, até com alguma seriedade, mas sem o compromisso do fechamento de acordos até por conta das muitas indefinições pessoais e de grupos, notadamente em razão do quadro sucessório presidencial que, atualmente, sinaliza para uma polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT), mesmo com a pretensão de vários outros nomes de participarem da disputa sucessória nacional, no bloco denominado de terceira via, onde encontra-se o cearense Ciro Gomes (PDT).

Destaque-se, ainda, a criação do União Brasil, resultado da fusão do PSL com o DEM, que aguarda o aprovo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), brevemente, até o mês de março, posto as duas agremiações terem cumprido as exigências legais para tanto. De início, admite-se que ele seja o maior partido, mesmo depois da debandada de alguns dos filiados, notadamente aqueles hoje aliados ao presidente Bolsonaro. A nova sigla ainda não tem decisão quanto à sucessão presidencial, embora, no momento, os discursos dos seus principais líderes sejam na direção de privilegiarem a eleição de uma grande bancada parlamentar federal e uns poucos governadores, inclusive no Ceará. Pode haver mudança nesse entendimento entre os meses de abril e julho.

As lideranças nacionais, embora tenham dedicado mais tempo à discussão da sucessão presidencial, não desprezam, de todo, as eleições estaduais, principalmente aquelas que defendem a priorização de eleger maiores bancadas na Câmara dos Deputados, razão da definição do dinheiro que será destinado a cada uma das siglas, tanto em relação ao Fundo Partidário, o que garante o funcionamento da máquina partidária, quanto o do Fundo Eleitoral, para custear as campanhas de seus candidatos. E elas estão de olho nas campanhas estaduais, pois um bom candidato a governador pode ajudar a eleger mais deputados, estaduais e federais. Mas as indefinições das coligações estaduais também estão incluídas no calendário de abril a julho.

Ademais, em alguns estados, no dia 2 de abril teremos novos governadores, por causa da desincompatibilização dos atuais titulares que, impedidos de disputarem reeleições, renunciarão aos mandatos para concorrer a outros cargos, notadamente o de senador, como é o caso do cearense Camilo Santana (PT). No caso específico do Ceará, embora Camilo tenha uma relação pessoal e política muito sólida com o PDT de Cid Gomes, a vice-governadora Izolda Cela (PDT), evidente, politicamente pensa diferente de Camilo. Assim, muito provavelmente, a nova orientação política do Governo do Ceará já não comportará, e muito menos estimulará, dois palanques de candidatos à Presidência da República, como ocorreram nas duas últimas eleições.

Nestas, pelo fato de ser candidato ao Governo do Estado, Camilo Santana foi o comandante dos palanques. Na próxima, em 2022, quem vai liderar a campanha é à época a governadora Izolda Cela, embora não sendo candidata à reeleição, e, em sendo, com mais propriedade ainda. Nas articulações de Izolda, nos comícios com ela, seja qual for o tamanho da coligação majoritária, e quem a integre, não haverá espaço para outro candidato à sucessão presidencial que não o Ciro. Camilo, pode até votar em Lula, mas pedir votos para o seu correligionário petista é improvável que o faça em palanque do candidato a governador do PDT.

Jornalista Edison Silva analisa os prováveis palanques de 2022 no Ceará: