Luizianne Lins e José Airton encabeçam dissidência no PT sobre sucessão de Camilo Santana. Foto: Reprodução/Instagram.

Alas minoritárias do Partido dos Trabalhadores (PT), encabeçadas pelos deputados federais Luizianne Lins e José Airton Cirilo, ainda insistem em candidatura própria da legenda ao Governo do Estado do Ceará em 2022. No entanto, o governador Camilo Santana (PT), assim como outras lideranças petistas, defendem manutenção de aliança com o PDT, com candidatura pedetista à sucessão estadual.

Representantes do “Movimento PT lá e cá” iam entregar, na tarde desta segunda-feira (13), documento exigindo discussão sobre candidatura própria do partido no Ceará. De acordo com eles, somente um candidato do Partido dos Trabalhadores no Ceará possibilitaria um palanque forte para uma eventual candidatura do ex-presidente Lula à Presidência da República em 2022.

Como o PDT apresenta Ciro Gomes como pretenso postulante ao comando da Nação, um apoio ao candidato pedetista no Estado inviabilizaria um palanque para Lula. Essa, inclusive, tem sido a ideia pautada por Luizianne Lins e José Airton Cirilo. O deputado federal foi candidato ao Governo do Estado em 2002, ano em que Lua foi eleito presidente da República pela primeira vez. Na ocasião, Airton foi derrotado no segundo turno por Lúcio Alcântara (PSDB).

Em entrevista à FM Assembleia, na manhã desta segunda-feira (13), o governador Camilo Santana, porém, destacou a união entre PT e PDT em nível estadual, salientando ainda que a conjuntura nacional pode construir caminhos que são desejados para o Brasil. “Temos até julho do próximo ano para essas definições. Aqui, no Ceará, temos um caso específico, que é essa união no Estado”, disse.

Pretenso candidato ao Senado Federal, Camilo Santana destacou ser natural que a aliança com o PDT continue e que haja apoio a um candidato pedetista ao Governo do Estado em 2022. Essa também tem sido uma tese defendida por Ciro Gomes, Cid Gomes e pelo deputado federal José Nobre Guimarães, uma das principais lideranças petistas no Ceará.

“É natural que, se eu sair para uma disputa de Senado, a vaga de candidato a governador seja do PDT. Tudo vai ser definido com bastante diálogo, de forma transparente, respeitando nossos aliados, nossa conjuntura. Tudo isso será definido até abril, que é o prazo para sair, e teremos até os prazos das convenções eleitorais para definir os nomes. Mas acredito que até lá poderemos construir os caminhos da sucessão 2022”, frisou Camilo Santana.

Leia na íntegra o documento entregue por petistas ao presidente estadual do PT:

 

Ao Presidente do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores no Ceará COMPANHEIRO ANTÔNIO ALVES FILHO

A gravidade do atual momento histórico, no qual o Brasil foi submetido, a partir do Golpe de 2016, ao neofascismo bolsonarista militarizado que é financiado pelo segmento neoliberal financista, ambos formando o núcleo destruidor de todas as conquistas sociais obtidas pelos governos Lula e Dilma, entreguista do patrimônio público e da riqueza nacional ao Capital Financeiro Internacional, usurpador dos direitos da classe trabalhadora, perpetrador de mais de 600 mil mortes pelo descaso criminoso no enfrentamento da Covid-19, fomentador do retorno da fome e da miséria do povo brasileiro, requer de toda a militância e de todos os quadros representativos do Partido dos Trabalhadores uma tomada de posição corajosa e decidida no sentido de radicalizar a luta pelo retorno do projeto político petista com a eleição em 2022 do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil.

Nesse contexto de radicalização da luta democrática, nosso estado do Ceará apresenta-se como um caso específico, uma vez que a eleição aqui se apresenta nacionalizada, em virtude da candidatura de Ciro Gomes (PDT) à presidência. É público que este adversário decidiu aprofundar uma nítida posição política de direita, utilizando-se cinicamente da “narrativa da corrupção”, construída pelos operadores do Golpe, executando disparos continuados midiáticos com inaceitáveis ofensas levianas e virulentas contra o Presidente Lula e contra o Partido dos Trabalhadores, afirmando taxativamente em revista de circulação nacional que “usará a campanha eleitoral para dizer ao país que Lula adotou a corrupção como método para governar o Brasil quando se elegeu em 2002”. (https://veja.abril.com.br/blog/radar/lula levou-a-corrupcao-para-ocentro-do-poder-diz-ciro-gomes/).

Ainda como agravante, o alinhamento em coligação política estadual do PT com o PDT dos Ferreira Gomes só tem acarretado uma histórica e acumulada perda do protagonismo político de nosso partido no qual a nossa competitividade políticoeleitoral só vem decaindo desde então. Como exemplo, se em 2012 detínhamos 30 prefeituras em todo o estado, agora em 2020 desabamos para 17, das quais algumas destas são publicamente aliadas dos Ferreira Gomes. Em contrapartida, o PDT que em 2012 tinha apenas o número irrisório de 08 (oito) prefeituras, em 2020 atingiu a casa de 67 municípios sob o seu poder partidário.

Além dessa perda, a aliança com o PDT tem sido obstáculo a que se possa colocar em prática um autêntico programa democrático e popular. E em vários momentos tem nos colocado em posição oposta à nossa base social, como ocorre com a política de Segurança Pública estadual, representando um forte retrocesso na luta pelos Direitos Humanos, muito embora os governos Camilo Santana tenham também saldo de medidas importantes para o povo cearense.

Por tudo isso, nós integrantes de diversas tendências e forças políticas internas partidárias, após uma massiva Plenária Aberta, realizada no dia 13 de outubro, na sede estadual do PT, com a participação de representações de 16 municípios, com mais de 200 militantes, na qual substancializamos um vigoroso debate em torno da TESE DA CANDIDATURA PRÓPRIA DO PT AO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, vimos, por meio deste documento, requerer que se inicie um amplo debate, aberto com toda a militância estadual do PT, em torno do processo de escolha da candidatura ao Governo do Estado, para que se possa refletir democraticamente o tema, a partir de suas bases.

Para isso requeremos que se faça a convocação imediata de reunião do Diretório Estadual do Ceará específica para encaminhar esta questão de importância política vital para o nosso partido. Entendemos ser preciso garantir, pelas instâncias representativas do PT, a continuidade de nossa estrutura democrática partidária, apoiada em decisões coletivas, com programas e compromissos políticos sendo decididos em nossas bases. Não podemos permitir atitudes ambíguas, nem autoritárias. A candidatura própria do PT ao Governo do Estado, em nosso entender, é decisiva para que a eleição do companheiro Lula seja fragorosamente vitoriosa no Ceará. Precisamos garantir um palanque leal e forte ao Presidente Lula e a todas as candidaturas do PT cearense nas eleições de 2022.

Deputado Federal José Airton Cirilo
Jonas Dezidoro, Vice-Presidente do Diretório Estadual do PT Ceará
Pedro Silva, Movimento PT
Deodato Ramalho, Articulação de Esquerda
Matheus Figueiredo, Núcleo Popular
Vaumik Ribeiro, Articulação na Luta
Eudes Baima, Diálogo e Ação Petista
Leda Vasconcelos, Membro do Diretório Estadual do PT Ceará
Paulo Assunção, Optei
Wanderley Bezerra, Presidente do Diretório Municipal de Cascavel
Teresinha Santos, Presidente do Diretório Municipal de Maracanaú
Ítalo Morais, Secretaria Municipal de Juventude de Fortaleza
Mariana Domingos, Secretaria Municipal de Juventude de Pindoretama
Vitória Dantas, Secretaria Municipal de Juventude de Juazeiro do Norte
Ray Alcântara, Núcleo Popular
Francemarie Teodósio, fundadora do PT Ceará.