Ciro Gomes (PDT), João Dória (PSDB), Sérgio Moro (Podemos), Rodrigo Pacheco (PSD), Simone Tebet (MDB) e Felipe D’Ávila (Novo) aparecem como pré-candidatos da Terceira Via. Fotos: Franca/Divulgação.

A polarização hoje existente entre os pretensos candidatos à Presidência da República, em 2022, Jair Bolsonaro, o atual presidente, e o ex-presidente Lula, pode não ter a dimensão político-eleitoral hoje imaginada, mas ela é real. O batalhão de prováveis outros candidatos, embora tenha um discurso de reprovação à tal polarização, motivam-na, a tornar-se mais efetiva, reduzindo os espaços que estão percorrendo na tentativa de rompê-la. Lamentavelmente, hoje, só esses dois candidatos das extremas direita e esquerda estão parecendo ser competitivos. Por sorte, ainda temos um bom tempo para que todos os contrários aos extremos encontrem uma saída para permitir ao eleitorado brasileiro outras opções efetivas que entendam ser melhor para o País.

Bolsonaro e Lula retroalimentam-se. Alguns já reconheceram e disseram isso, mas não mudaram de estratégia para evitar a sua continuidade. A grande quantidade de eleitores do Centro, e os fora desse campo, decepcionados tanto com um quanto com o outro, provavelmente ainda não foi tocada pelos discursos de repulsa aos dois feitos pelos que buscam a chamada terceira via. E, enquanto o tempo passa, Lula e Bolsonaro vão consolidando suas posições e angariando apoios partidários que lhes garantirão o maior espaço no horário da propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Lula e Bolsonaro já estão fechados com os maiores partidos em termos de representação parlamentar.

O cearense Ciro Gomes, que vai para a sua quarta disputa presidencial (já concorreu em 1998, 2002 e 2018) em 2022, pode ficar na campanha sozinho. Em 2018, uma articulação do próprio Lula, mesmo estando preso, evitou que o cearense contasse com o apoio do PSB e do PCdoB. Ciro foi candidato pelo PDT aliado ao Avante. Em 1998 ele foi candidato do PPS, tinha uma coligação com o PL e o PAN. Já em 2002, também representando o PPS, fez aliança com o PTB e o PDT. Sempre teve pouco tempo de propaganda eleitoral, exatamente pelo fato de sua aliança ter uma pequena representação parlamentar na Câmara dos Deputados, e esta ser a responsável pela definição do tempo da propaganda dos seus candidatos. Quanto mais deputados tem a coligação, maior é o tempo da propaganda.

O Podemos, partido do ex-juiz Sérgio Moro, também é pequeno. O PSDB do governador de São Paulo, João Doria, não é tão pequeno, mas não tem musculatura para garantir uma candidatura competitiva, e o MDB da senadora Simone Tebet, um pouco maior, mesmo assim não garante os meios necessários à uma campanha presidencial. Pior, nenhum dos partidos desses candidatos tem espaço para coligações expressivas. E não têm pelo fato de as grandes agremiações já estarem comprometidas com os candidatos que hoje estão polarizando a pré-campanha e, também, pela não empolgação dessas postulações. Num segundo turno, caso entenda o eleitor ser prudente explodir a polarização entre Bolsonaro e Lula, por certo desaparecerão as barreiras que hoje impedem a união dos candidatos do Centro, pois qualquer dos candidatos dos extremos que for para o segundo turno será o adversário comum.

Lula, politicamente muito hábil, reconhece o potencial de Ciro Gomes, agora trabalha a fusão do PT com o PSB, o PCdoB e outros menores, exatamente, como aqui já registramos, para impedir que eles, em qualquer parte do País, faça composição com Ciro. Ele sabe que consequências poderão experimentar com os contundentes discursos do Ciro no espaço nacional da propaganda eleitoral. Por isso, talvez, ele entenda que o Bolsonaro não seja o seu principal adversário. Nenhum petista votará em Bolsonaro ou vice-versa. Mas o discurso de Ciro pode afastar eleitor de Lula, não petista, para votar em outro candidato. Ademais, Lula sabe que Bolsonaro acaba sendo o menor adversário seu num eventual segundo turno.

Faltou falar do partido que surgirá da fusão do PSL com o DEM, o União Brasil. Este, embora no nascer já esteja na relação das grandes agremiações, tudo indica será apenas mais um coadjuvante das próximas eleições. Suas lideranças dão a ideia de querer eleger muitos deputados federais pensando nos recursos do Fundo Partidário e na força de pressão que poderá ter no futuro Governo.

Jornalista Edison Silva comenta as dificuldades para formação da Terceira Via para a disputa presidencial do próximo ano: