Augusta Brito (PCdoB) é chefe da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa. Foto: ALECE.

Em pronunciamento na Assembleia Legislativa do Ceará, durante sessão ordinária desta quarta-feira (22), a deputada Augusta Brito (PCdoB) lamentou a naturalização da violência política contra as mulheres nos parlamentos por todo o Brasil.

A parlamentar destacou que, para além daqueles ataques de ordem física, o que mais preocupa são as formas não físicas, uma vez que são mais difíceis de serem identificados.

Na semana passada, chamou a atenção a forma como o deputado Delegado Cavalcante (PTB) tratou a deputada Érika Amorim (PSD), de forma desrespeitosa, quando a parlamentar presidia os trabalhos da Casa Legislativa. O ato de Cavalcante foi prontamente repudiado por seus pares e chegou a gerar um movimento nas redes sociais em defesa de Amorim.

Augusta Brito lembrou Lei aprovada recentemente no Congresso Nacional versando sobre o tema, e segundo ela, a violência política tem ocorrido tanto na Assembleia Legislativa do Ceará como nas mais diversas câmaras municipais do Estado.

“Por muitos anos essas agressões foram naturalizadas e passam despercebidas. Até pouco tempo não tínhamos banheiro de mulher no Senado, e isso é uma forma de agressão”.

“Acontece a violência dentro do Parlamento. Temos muitos relatos de violência não física e essas são as mais difíceis de serem detectadas e muitas vezes naturalizadas. Um exemplo que temos aqui, de forma simbólica, é o uso de uma linguagem excludente sem referência aos femininos. Muitas vezes, a mulher é objetificada pelo seu corpo e pela sua forma de falar, pela sua forma de andar”, destacou.

Augusta Brito manifestou que a violência simbólica pode vir acompanhada de forma psicológica. “A violência psicológica vem de uma forma que é para intimidar a mulher na política, ela vem sendo naturalizada e acontecendo de forma psicológica”.

Veja o discurso da deputada:

Fernando Hugo (PP) afirmou que as discussões sobre o tema da violência contra a mulher precisam ser ampliadas. De acordo com ele, a temática deveria ser um dos tópicos de debate, seja em câmaras municipais ou no Congresso Nacional. “Por falar em Congresso Nacional, eu acho pequenas as ações da Câmara e do Senado sobre o assunto”, lamentou.

Carlos Felipe (PCdoB) também defendeu a ampliação da votação feminina. “Eu gostaria de ver essa Casa Legislativa com pelo menos 30% das vagas preenchidas por mulheres no próximo mandato”.

Érika Amorim (PSD), por sua vez, destacou a relevância do tema, visto a necessidade de maior representatividade feminina na política”. “Os espaços das mulheres precisam ser preservados”, defendeu.