Bolsonaristas e religiosos têm se posicionado contra o “passaporte de vacinação” proposto pelo prefeito Sarto. Foto: Reprodução/Instagram.

Vereadores de Fortaleza contra a apresentação do “passaporte de vacinação” mobilizaram seus correligionários e realizaram uma manifestação na frente da sede da Câmara Municipal na manhã desta quarta-feira (01/12) para pressionar que o tema fosse discutido pela Casa.

Depois de relutar, a Mesa Diretora decidiu realizar uma audiência pública para debater o tema entre o Governo e aqueles que se posicionam contrários à medida proposta pelo prefeito Sarto (PDT).

Na semana passada, o chefe do Executivo municipal anunciou que enviara para o Legislativo da Capital cearense um projeto de Lei que obrigava a apresentação da documentação sobre a vacina para aquelas pessoas que queiram ingressar em espaços públicos da Prefeitura de Fortaleza.

A informação gerou revolta entre alguns movimentos locais, principalmente, aqueles ligados a parlamentares que têm criticado a vacinação de forma obrigatória.

O assunto, inclusive, gerou um intenso debate na sessão ordinária desta quarta-feira (01), entre vereadores que são favoráveis à apresentação do passaporte sanitário e aqueles que dizem que a medida busca tolher o direito individual das pessoas.

Vice-líder do Governo na Casa, o vereador Léo Couto (PSB) afirmou que o projeto do Poder Executivo tem como objetivo “cuidar da vida dos cearense”. Ele apresentou seu passaporte de vacinação e disse que o documento é “o passaporte do amor ao próximo”.

Ele ainda apresentou um gráfico comparativo mostrando que há uma relação direta entre o número de pessoas vacinadas e a redução de mortes por Covid-19. “Tem vereador que hoje defende a vacina, mas só se vacinou há uma semana. Ia para Aeroporto, todo de colete, mas só se vacinou há pouco tempo. O que se tem falado é a liberdade de ir e vir, mas mais importante que a liberdade é a saúde coletiva”, defendeu.

Dr. Vicente, do PT, também destacou a necessidade de as pessoas se vacinarem contra a Covid-19. O parlamentar disse ter ficado preocupado com a manifestação realizada na Casa, visto que alguns cartazes, segundo ele, eram contra a vacinação. “Essas pessoas são egoístas, só pensam em si. O cartão de vacina tem que ser obrigatório”, defendeu.

Enfermeira Ana Paula (PDT) também destacou a importância de se vacinar contra o coronavírus e parabenizou Camilo Santana e Sarto por se colocarem contra a realização do Réveillon e Carnaval. “Fico feliz e acho acertada a decisão do Governo do Estado e da Prefeitura. “Me acosto à decisão e coloco meu posicionamento contrário às grandes festas e Carnaval”, disse.

Audiência

O vereador Márcio Martins (PROS) demonstrou insatisfação com a proposta do prefeito Sarto e disse que a medida vai de encontro aos empreendedores da cidade. “Essa atitude é inconstitucional, é imoral e eu vou falar isso como vacinado. Mas eu não me vejo no direito de obrigar ninguém a se vacinar. Não tenho esse direito nem como cidadão nem como parlamentar”, defendeu.

Autora da proposta de audiência pública para tratar do tema, a vereadora Priscila Costa (PSC) defendeu a autorização para a realização de discussão sobre a obrigatoriedade do passaporte da vacinação.

“Gostaria de engrandecer a Câmara Municipal, pois o pedido de audiência pública encontrou nesta Casa uma Casa comprometida com a voz do povo. Nós poderíamos, com sensatez, respeitar a liberdade individual de cada um. O passaporte acaba gerando uma ideia de segurança que não existe”, defendeu Costa.

O requerimento da parlamentar solicitando discussão sobre o tema estava tramitando na Casa desde setembro passado, e foi aprovado pelos vereadores nesta quarta-feira (01), após pressão dos manifestantes.

Comissão

De acordo com a presidente da comissão de Seguridade e Saúde, a vereadora Cláudia Gomes (DEM), a aprovação do requerimento de Priscila Costa para realização da audiência pública se deu porque o colegiado entendeu ser democrático debater o assunto na Casa. A parlamentar ressaltou que durante a apreciação do pedido,o grupo não tinha tomado conhecimento dos protestos do lado de fora da Câmara e que não houve pressão sobre os parlamentares. “Se existe uma matéria que o povo quer discutir na Casa do Povo, que é a Câmara, ela vai ser discutida”.