Em 2016, derrotado no primeiro turno, Ronaldo Martins resolveu apoiar o candidato a prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, contra Capitão Wagner. Foto: Divulgação.

O vereador Ronaldo Martins, em 2020, foi o mais votado em Fortaleza pelo Republicanos, partido do qual é o dirigente no Ceará. Ele recebeu 31.840 sufrágios, como candidato do bloco de oposição, cujo postulante ao cargo de prefeito foi o deputado federal Capitão Wagner (PROS). No pleito de 2018, Ronaldo tentou ser reeleito deputado federal, obteve 101.089 votos, mas não logrou êxito. Sob efeito das coligações, no mesmo 2018, alguns outros concorrentes foram eleitos para a Câmara dos Deputados com votação bem menor. O último deputado federal eleito somou 65.300 votos.

Ronaldo, que já havia sido vereador em Caucaia e deputado estadual, quer voltar para a Câmara Federal. Inicialmente, agora pelas novas regras, sem coligação proporcional, ele articulou para deixar o Republicanos no grupo oposicionista, onde, entendia, com o Capitão Wagner candidato a governador e a mulher deste filiada ao Republicanos, para disputar uma vaga de deputada federal, ele, Ronaldo, teria sucesso em sua pretensão de voltar ao Parlamento federal. A senhora Dayany Bittencourt foi de fato levada ao Republicanos pelo marido, Capitão Wagner, e sua filiação aconteceu em Brasília, com Wagner permanecendo no PROS. Agora, com uma realidade nova no campo político-partidário, Ronaldo já não acredita no plano traçado com o Capitão e, pragmático como ele é, já busca voltar ao grupo governista.

E com esse objetivo procurou o governador Camilo Santana, onde sentiu-se albergado. Depois foi ao senador Cid Gomes, e por último esteve com o ex-prefeito Roberto Cláudio, o provável candidato a governador do grupo governista. Com todos eles a conversa foi a mesma. O retorno do seu partido à aliança governista em troca do apoio à sua eleição para deputado federal, começando com a viabilização de sua convocação para o exercício do mandato de deputado federal, talvez a parte mais difícil do seu pedido. O Ronaldo precisa reunir um número de candidatos que consigam somar o mínimo de 200 mil votos para que o Republicanos eleja um deputado. Hoje, o partido não tem esses candidatos.

O fim das coligações proporcionais está deixando atônitos alguns dos pretendentes a vagas tanto na Câmara dos Deputados quanto nas Assembleias Legislativas. A salvação de alguns, no caso de Ronaldo, é que permanece a miscelânea nas coligações majoritárias, onde algumas agremiações são agregadas, não pelo potencial eleitoral dos seus integrantes, mas pelo tempo da propaganda eleitoral que ela pode emprestar ao candidato, ou, em outra situação, evitar que o adversário possa receber aquele apoio. Exatamente pelo fato de essas coligações acabarem sendo um ajuntamento de partidos, com pessoas pensando diametralmente opostas uma das outras é que sempre acontecem nos meios das administrações os rompimentos políticos deveras prejudiciais à gestão pública.

Essa inquietação do vereador Ronaldo Martins, e de muitos outros, só acabará em abril do próximo ano. É que logo no início daquele mês todos os pretensos candidatos já estarão filiados a um partido e cada um deles já saberá como montar a sua chapa. Até lá, alianças como a acordada entre Ronaldo e Wagner podem ser feitas e desfeitas. Depois do dia dois de abril tudo estará concretizado. O mês de março, chamado de “janela partidária”, por ser o tempo em que os atuais parlamentares podem trocar de siglas sem sofrer as consequências da Lei da Fidelidade Partidária, é o mais aguardado pela maioria dos detentores de mandatos nos partidos considerados pequenos ou médios, de fato, os que mais sofrerão as consequências do fim das coligações.

Wagner sabe dos propósitos de Ronaldo. Agora, ele tem procurado outros políticos e anunciado que será o presidente estadual do novo partido, o União Brasil, resultado da fusão do PSL com o DEM, ainda no aguarda de homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ainda não sensibilizou os procurados que aguardarão a confirmação da sua afirmação, notadamente pelo fato de um expressivo grupo de políticos acreditar que a nova sigla deverá ficar mesmo no Ceará com o senador Chiquinho Feitosa, hoje presidente estadual do DEM.

Jornalista Edison Silva cita o caso do partido Republicanos no Ceará para ilustrar a dificuldade de se montar uma chapa proporcional vitoriosa: