Deltan anunciou que vai entrar na carreira política. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.

O antigo chefe da “Lava Jato”, ex-procurador Deltan Dallagnol, anunciou no início deste mês que finalmente vai se dedicar de forma oficial a sua carreira política. Antes, porém, a construção de seu capital foi bancada pelo Ministério Público Federal: a instituição gastou no mínimo cerca de R$ 57 mil com a campanha do ex-procurador pelas “dez medidas contra a corrupção”, por meio de passagens aéreas e pagamento de diárias.

Os números constam de ofício encaminhado pelo próprio MPF à presidência do Tribunal de Contas da União, que determinou nesta terça-feira (9/11) que outros cinco procuradores da extinta “lava jato” devolvam aos cofres públicos valores milionários recebidos a título de diárias e passagens.

Juntos, eles receberam cerca de R$ 2,1 milhões em diárias, além de outros R$ 451 mil usados na compra de bilhetes de avião. Tudo isso, claro, sem contar seus vencimentos, que hoje chegam a quase R$ 34 mil mensais.

O documento enviado ao TCU é assinado por Eliana Péres Torelly de Carvalho, secretária-geral do MPF. Os dispêndios constantes das planilhas se referem à “Lava Jato” e foram separados por frentes de investigação em Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Brasília. “Ainda que o motivo da viagem fosse diverso das ações da referida força-tarefa”, diz trecho do ofício.

Os R$ 57 mil gastos com Deltan estão em rubricas que fazem referência expressa à campanha das “dez medidas”. Foram feitos entre 2015 e 2017. Em valores atualizados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a soma é de aproximadamente R$ 30 mil. Além disso, considerando que o porta-voz da “lava jato” fez a campanha por no mínimo quase 15 dias — conforme mostram as planilhas —, outros R$ 27 mil lhe foram pagos, a título de vencimentos, em sua missão extrainstitucional.

A cruzada política lavajatista também gerou gastos com outros procuradores, que podem ter agido como garotos propaganda das “dez medidas” também em outros momentos — para além do que revelam as planilhas. Isso sem considerar os custos relacionados à movimentação da máquina burocrática do MPF em prol da empreitada.

Os R$ 57 mil de Dallagnol são apenas parte de um esquema maior de “corrupção institucional”.

Fonte: site ConJur.