O deputado Elmano Freitas (PT) chamou Bolsonaro de “desgraçado” quando lembrou do veto do presidente à distribuição de absorventes higiênicos. Foto: ALECE.

Durante sessão itinerante da Assembleia Legislativa do Ceará no município de Icó, o deputado Delegado Cavalcante (PTB) até tentou exaltar as ações do presidente da República, Jair Bolsonaro, mas os números apresentados por ele foram abafados pelas críticas feitas por parlamentares da base do governador Camilo Santana (PT).

Durante a plenária desta quinta-feira (21), um a um, os governistas na Casa refutaram a fala do parlamentar bolsonarista filiado ao PTB.

Em seu pronunciamento, Cavalcante destacou que foram encaminhados recursos da ordem de R$ 12 milhões para o combate à Covid no município de Icó, bem como R$ 5 milhões para a secretaria de Cultura local e R$ 41 milhões do Fundeb.

O discurso do Delegado Cavalcante chegou a ser interrompido por vaias da plateia presente ao Teatro da Ribeira dos Icós.

O deputado Júlio César Filho (Cidadania), líder do governo, foi quem pediu respeito ao pronunciamento do colega, mesmo discordando do conteúdo.

Nas sessões itinerantes o deputado Delegado Cavalcante tem se tornado uma voz em defesa das ações do Governo Federal. Ele fez discurso semelhante quando da realização da plenária itinerante em Itapipoca.

“Quando o PT governava o Brasil, as repartições davam prejuízo de R$ 35 bilhões e agora temos superávit”, disse. Ainda de acordo com ele, o presidente da República é perseguido porque incomoda muitas pessoas. “Uma CPI irresponsável onde o presidente é um bandido e o relator é outro bandido. O presidente Bolsonaro não matou ninguém”, disse referindo-se à CPI da Covid do Senado Federal.

Trecho do discurso do Delegado Cavalcante em Icó:

 

Logo após as falas de Cavalcante, o deputado Danniel Oliveira (MDB) afirmou concordar com o colega apenas no ponto em que ele disse que Bolsonaro “incomoda muita gente”. Segundo ele, o presidente tem incomodado a população brasileira, visto o aumento da pobreza no País. “Não queremos isso para o Ceará e nem para o Brasil”.

Elmano Freitas (PT), assim como fez em Itapipoca, comparou a realidade do Brasil quando da gestão do ex-presidente Lula e a atual. Segundo ele, enquanto no passado recente o brasileiro comprava carro e moto, agora não consegue sequer abastecer seu veículo. “Ele fala da Transposição (de águas do Rio São Francisco) e não cita que o Governo do PT fez 98%, que foi o Lula quem tirou do papel. Esse desgraçado tem um coração tão ruim que não deixou aprovar Lei para distribuição de absorventes para mulheres pobres do Brasil. Negou de comprar a vacina e mais de 400 mil pessoas morreram por isso”.

Guilherme Sampaio (PT), por sua vez, salientou que o Fundeb foi fruto da luta de professores e professoras e que “não é cortesia de governo nenhum. Para falar de Educação, vamos estudar”. O público presente aplaudiu os parlamentares que fizeram críticas à gestão federal.

Augusta Brito (PCdoB) também tratou do assunto e disse que é obrigação do Governo Federal conceder absorventes higiênicos para mulheres em situação de vulnerabilidade. Segundo ela, a gestão de Jair Bolsonaro na pandemia demonstrou “a total incapacidade desse presidente que não me representa de forma alguma”.

Camilo Santana

Renato Roseno (PSOL) defendeu que a primeira tarefa dos políticos deve ser a defesa da democracia e da justiça social. Por isso, ele disse defender o impedimento do presidente da República, que segundo destacou, está indiciado pela morte de milhares de pessoas na má condução da pandemia e da economia.

Roseno também criticou a política econômica do governador Camilo Santana, que segundo ele, é ultrapassada. Em resposta, o líder do Governo, Júlio César Filho (Cidadania), lembrou que a maioria da população apoia as medidas adotadas pelo chefe do Executivo estadual. “Dos 18 deputados presentes e oito na plataforma digital, apenas um levantou a voz para criticar o governador Camilo, mas nós respeitamos a voz do deputado”, apontou.