Para Férrer, aumento do PIB cearense seria motivo de comemoração, se a pobreza e violência estivessem diminuindo. Foto: ALECE.

Em seu pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado Heitor Férrer (SD), lamentou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado não tenha se refletido na diminuição da miséria da população. O parlamentar lembrou caso recente registrado em Fortaleza, onde famílias estavam retirando alimentos de caminhão de lixo, em um bairro da área nobre da cidade.

Segundo ele, é corriqueiro no noticiário do Estado informações sobre o crescimento do PIB, principalmente quando comparado ao crescimento da economia da região Nordeste e do País. Para Férrer, as informações seriam motivos de comemoração, mas isso não ocorre visto o crescimento da pobreza e violência.

“O Ceará foi manchete no Brasil inteiro com essa fotografia histórica. No bairro do Cocó, vídeo mostra pessoas recolhendo sobras em caminhão do lixo. Isso rodou o noticioso brasileiro. Diante de um PIB que cresce dia a dia, e a FIB (Felicidade Interna Bruta) não acompanha”, disse. “Nós vimos seres humanos em forma de bicho, em forma de seres irracionais. É a mais profunda pobreza”, lamentou.

O parlamentar opositor lembrou que o orçamento do Estado será de R$ 28,5 bilhões para 2022, conforme projeto em tramitação na Assembleia Legislativa. No entanto, na área da moradia, de 2015 até o corrente ano, o que se aplicou em habitação esteve aquém do necessário. Foram R$ 62 milhões em 2015; R$ 24 mi em 2016; R$ 23 milhões em 2017; R$ 12 milhões em 2018; R$ 9 milhões em 2019; e R$ 8 milhões em 2020.

“Isso é de quebrar o coração. O orçamento é um retrato ano a ano, um espelho que se repete a cada ano. E que nós deputados só aprovamos emendas cosméticas. Nenhuma emenda que qualquer um dos deputados queira colocar, ele logre êxito na mudança daquilo que é a cara do Governo. E a cara do Governo é de manter o status quo da miséria”, apontou.

Políticas públicas

Carlos Felipe (PCdoB) fez coro ao opositor e disse que a maior chaga do Estado é a fome. Segundo ele, a redução da miséria melhoraria a situação dos cearenses. “Não adianta a gente estar aumentando o PIB. Não há o que festejar se a miséria e fome aumentaram. Temos que encontrar caminhos para o que ocorreu na educação se reflita na prática. O Brasil piorou e o Ceará está em uma situação estável, mas ruim”.

Líder do Governo, Júlio César Filho (Cidadania), afirmou que as dificuldades causadas pela pandemia fizeram aumentar a miséria no mundo todo. Segundo ele, é preciso, porém, destacar políticas públicas que foram adotadas para minorar a situação. Ele citou, por exemplo, programas da distribuição de cestas básicas, cartão Mais Família, pagamento de conta de água e luz, além de outras medidas da gestão.