O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, na manhã desta terça-feira (21), abriu os trabalhos da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante 12 minutos, o chefe de estado brasileiro fez críticas à imprensa, enalteceu os atos do 7 de Setembro, criticou as medidas sanitárias, apoiou tratamento precoce contra a Covid-19 e apresentou dados falsos sobre a Amazônia. As falas de Bolsonaro repercutiram entre alguns políticos cearenses.

De acordo com o senador Cid Gomes (PDT), “Bolsonaro usou o palco das Nações Unidas para mentir”. O parlamentar lembrou que o presidente propagandeou, mais uma vez, o uso de remédios para o combate à Covid, que segundo o pedetista, são ineficazes. “Isso, depois de cerca de 600 mil mortes. Não vacinado, é tratado cada vez mais como pária. Só causa vexame e vergonha a nós, brasileiros”.

O deputado federal André Figueiredo (PDT) afirmou que Bolsonaro não abordou questões relacionadas ao aquecimento global, não refletiu sobre a ordem internacional, utilizou tom agressivo sem demonstrar empatia com o sofrimento da população. “Enfim, o discurso foi uma hecatombe de vergonha, e coroa a sua estadia por lá, desde o início marcada por uma postura vergonhosa, como a confissão ao primeiro ministro (Boris Johnson), de que não se vacinou”, pontuou.

“Triste para o Brasil”, publicou em suas redes sociais o deputado federal José Nobre Guimarães, do PT. Segundo ele, enquanto o mundo está em 2021, o discurso do presidente remota ao ano de 1964, quando se instalou a ditadura militar no Brasil. “Bolsonaro atrasa o Brasil. O seu discurso na ONU foi feito por lunáticos. Criaram uma realidade paralela com mentiras e teorias da conspiração. Nos envergonha, nos humilha diante do mundo”, escreveu.

Ainda de acordo com o petista, os recordes brasileiros são o desemprego, desmatamento e mortes pela Covid-19. “Além de mentir e esconder a verdade, o presidente não apresentou propostas para superar as crises econômica e sanitária. O País das maravilhas no discurso de Bolsonaro não existe”.

Segundo o deputado federal Célio Studart (PV), Jair Bolsonaro poupou o trabalho que brasileiros têm de explicar a realidade do País para estrangeiros. “O presidente estufou o peito e assumiu os pensamentos que nos tornaram um país politicamente e economicamente isolado”.

O deputado federal José Airton Cirilo (PT) afirmou que em suas falas, o presidente “mentiu descaradamente”. Um verdadeiro vexame. Estamos passando vergonha. Mentiu sobre a política ambiental, auxílio emergencial. Um festival de fake news”.

“Vergonha mundial”

Para o socialista deputado estadual Renato Roseno, do PSOL, o presidente da República defendeu “farsas” durante seu pronunciamento na Assembleia Geral da ONU, como o chamado tratamento precoce contra a Covid. “No mais, enfileirou uma série de delírios e mentiras sobre temas diversos. Não há limites para o cinismo, perversidade e indigência intelectual. A vergonha mundial”, criticou.

Apesar das críticas, houve quem defendesse o discurso de Bolsonaro na ONU. Para o vereador de Fortaleza, Carmelo Neto (Republicanos), o presidente deixou claro qual a posição do Brasil. “Nossa nação é contra o passaporte sanitário, defende a vida e os empregos, e trabalha pela preservação da Amazônia. Excelente discurso”.