Sargento Reginauro disse que policiais militares trabalham em condições precárias e ele mesmo já financiou melhorias em estruturas físicas de associações. Foto: Érika Fonseca/CMFor.

Vereadores da Câmara Municipal de Fortaleza, durante a sessão plenária desta quinta-feira (12), dividiram opiniões acerca da formação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Associações Militares na Assembleia Legislativa do Ceará.

O primeiro parlamentar a abordar o assunto foi Sargento Reginauro (PROS). Ele classificou como “surpreendente” a criação de uma CPI para investigar esses grupos. Para o Republicano, a Comissão quer atingir a imagem do deputado federal Capitão Wagner (PROS), num ano pré-eleitoral, vinculando-o aos movimentos de policiais militares amotinados em 2020, ocorrido no estado.

“A mesma Assembleia, por duas vezes, negou a abertura de uma CPI para investigar as associações criminosas presentes neste Estado, uma delas pedida pelo então deputado estadual Wagner”, lembrou.

Reginauro rememorou outros casos que poderiam se abrir uma investigação, como as denúncias envolvendo a construção do Acquário Ceará na Praia de Iracema, e polêmicas envolvendo a empresa Enel, mantenedora da energia elétrica no Ceará.

Ademais, questionou não haver um aprofundamento sobre supostos candidatos eleitos com apoio de facções criminosas, como, segundo relatou, “prefeitos ligados ao governador Camilo Santana (PT)”. Por fim, o edil rotulou como um “gasto de tempo” a composição de uma CPI para investigar associações militares.

Veja trecho do discurso do vereador Sargento Reginauro:

Corroborando com o discurso do correligionário, Márcio Martins (PROS) criticou o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT). Segundo o relatado pelo líder da oposição na Câmara Municipal, Leitão não apoiou a criação de uma CPI para investigar as facções criminosas no Ceará, entretanto, corroborou para elaborar a CPI das Associações Militares.

“Como o povo vai entender isso? Como o cearense de bem vai entender esta situação? Se a Polícia estiver errada, porquê não investigar os dois [incluso as facções]? Espero estar enganado, pois é um contrassenso enorme. Não quero perder o respeito por essa Casa Legislativa [referindo-se à Assembleia]”.

Martins questionou se o resultado da abertura da CPI contra as Associações Militares do Ceará é uma resposta ao resultado de pesquisas eleitorais apontando vantagem do deputado federal Wagner na disputa para o governo cearense em 2022.

Por fim, Julierme Sena, também do PROS, rechaçou a abertura da Comissão e fez coro às falas de Reginauro e Márcio Martins.

Situação

O pedetista Adail Junior defendeu o deputado estadual Evandro Leitão, pedindo para afastar a individualização de uma CPI em cima de um parlamentar. Ele citou sobre pautas aprovadas, sem exatamente, ter a conivência do próprio parlamentar.

“Para você ser base/oposição tem prós e contras. Ele [Leitão] se posicionou pela CPI, que é um direito dele, mas talvez nem concordasse. Entretanto, pela lealdade com o partido, autorizou a criação de uma outra”, disse.

Adail pontuou sobre pautas “fechadas internas dentro do partido” e, mesmo sem concordar, vota favorável, em matérias “antipáticas” para auxiliar a gestão municipal.

Leo Couto (PSB) fez questão de lembrar dos avanços da segurança na gestão do governador Camilo e manifestou sobre o “pânico” causado pelos policiais amotinados na greve de 2020.