O presidente da CPI defendeu a saída de Mayra Pinheiro do Ministério da Saúde e os senadores aprovaram o requerimento pedindo a saída dela do cargo de diretora do ministério:  Foto: Reprodução/ TV Senado

Nesta terça-feira (3), acontece a primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia após o recesso parlamentar. Antes de ouvir o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, os senadores analisaram requerimentos para novas convocações e quebras de sigilo.

Antes mesmo de adentrar a sala de reunião, o presidente da Comissão, senador Omar Aziz, conversou com repórteres nos corredores do Senado. Ele disse que a CPI ia pedir à Justiça, como de fato pediu,  o afastamento da secretária de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, a cearense Mayra Pinheiro, do cargo. “Não dá para o ministro Queiroga manter na sua equipe uma pessoa que pensa totalmente diferente da ciência”, disse.

O pedido de afastamento da médica cearense, foi o primeiro a ser votado e aprovado pelos senadores no início da reunião. No entendimento dos parlamentares, Mayra que ficou conhecida como “capitã cloroquina” pode atrapalhar as investigações da comissão caso permaneça no cargo. ”Prescrever medicação que não salva absolutamente ninguém, mas que matou muitos amazonenses”, discursou Omar.

Depois de repercussão sobre a quebra de sigilo da emissora de rádio Jovem Pan, o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), esclareceu que houve um equívoco na apresentação de pedido de transferência de sigilo da emissora. ”Queria lamentar, porque isso ocorreu no recesso compulsório. Queria aproveitar para retirá-lo, para que de modo algum possa respingar em uma coisa que preservamos, que defendemos: a liberdade de expressão”, salientou Renan.

Outro ponto discutido pelos senadores foi sobre a condução da investigação em torno dos contratos da empresa de logística VTCLog, que dividiu opiniões. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) lamentou a exposição da empresa após notícias de que a CPI suspeita de esquema de propina em serviço da empresa ao Ministério da Saúde. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), por sua vez, defendeu a aprovação de requerimentos de quebra de sigilo da empresa a fim de “trazer informações necessárias”.

Já o senador cearense Eduardo Girão (Podemos-CE) contou que durante o recesso houve vazamento ”seletivo” de dados sigilosos, mas não do Consórcio Nordeste e dos estados e municípios que receberam milhões de reais para o combate à pandemia. Girão solicitou a retirada do requerimento de transferência do sigilo bancário da empresa LHT HIGGS, assim como foi feito para a emissora de rádio Jovem Pan. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), assegurou que são dois casos diferentes, porque a LHT HIGGS estaria promovendo fake news.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu a retirada de um requerimento dele que pedia a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto. A solicitação foi incentivada após o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, ter dito que Netto teria convocado e conduzido encontro, no ano passado, em que foi discutida a edição de um decreto presidencial para mudar a bula da cloroquina. O senador Vieira anunciou que vai apresentar um novo requerimento de convocação de Braga Netto.

O objetivo, segundo o parlamentar, é deixar claro no pedido que o então ministro da Casa Civil coordenava as ações de vários ministérios que deveriam atuar no enfrentamento da pandemia. ”Se esse cidadão não precisa ser ouvido numa CPI que investiga ações e omissões do Governo Federal, tenho dúvida de quem precisa”, disse Alessandro.

Também na sessão de hoje (3), o líder do governo no Senado Federal, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) defendeu a elaboração de um plano de trabalho com previsão de encerramento da CPI até o fim de setembro. Para ele, as linhas de investigação já estão bem delineadas e caberá à Polícia Federal e ao Ministério Público aprofundar as investigações. Prorrogada, a CPI pode funcionar até a primeira semana de novembro.

Com informações do Senado Federal