Segundo Fernando Hugo (PP), a inclusão de Bolsonaro no inquérito das fake news por críticas às urnas eletrônicas é algo fora do normal. Foto: Miguel Martins.

Decano na Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado Fernando Hugo Colares (PP), vê com apreensão os atritos que vêm ocorrendo no País nos últimos meses, principalmente, entre os três poderes da Federação. De acordo com o parlamentar, há uma intromissão do Judiciário em pautas que deveriam, em sua avaliação, ser tocadas pelo Congresso Nacional ou Palácio do Planalto.

Ele também avalia o momento como delicado, principalmente, na possibilidade de inelegibilidade do presidente da República, Jair Bolsonaro, com a inclusão dele em inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todo o imbróglio tem se dado pela insistência de Bolsonaro na realização de eleições em 2022 com os chamados “votos auditáveis”.

“Todo esse estado de convulsão que o País vive se dá porque se colocou na frigideira de 2022 todos os percalços que estamos a passar, tanto com a problemática da vida pública, como os destemperos pronunciais do presidente da República e as respostas de ministros do STF”, destacou.

De acordo com o parlamentar, há muito se questiona a penetração de atos dos ministros do Supremo em conflitos internos da Presidência da República e do Congresso Nacional. “Recentemente, viu-se ministro sair de sua cátedra maior da magistratura, ir para dentro do Congresso Nacional fazer lobby, nessa problemática levantada doentemente pelo presidente, com relação ao voto auditável”.

Segundo Hugo, a inclusão de Bolsonaro no inquérito das fake news por críticas às urnas eletrônicas é algo fora do normal. “O Supremo avocou para si o direito ilegal de ser, ao mesmo tempo, delegado de polícia, promotor, vai ser juiz e sentenciar a própria acusação. São coisas horripilantes que fomentam essa discórdia de poderes, indo até instâncias outras. E o Ministério Público tem sido conivente com destemperos e omisso naquilo que se propõe”, apontou.

Ele lembrou, ainda, posicionamentos de oficiais superiores das Forças Armadas, questionando posições do Supremo. Segundo avaliou, ainda que não tenham eclodido em confronto maior, sequelas ficaram. “Se o presidente da República, eleito com quase 57 milhões e meio de votos, Jair Bolsonaro, for tirado de circulação, decretando-se a inelegibilidade dele, poder-se-á encontrar alguma força que não aceite esse ato de inelegibilidade contra o presidente por coisa que ele proferiu indevidamente. Porém, há que ter-se respeito à opinião de cada um, em especial, a um dos chefes dos poderes do País”, defendeu.

Apesar de demonstrar proximidade com algumas ações do presidente Bolsonaro, Fernando Hugo afirmou que, para além dos conflitos entre esquerda e direita, é preciso que surja alguém do centro, se apresentando como terceira via, com vistas à disputa presidencial do próximo ano.

Veja o que pensa o deputado Fernando Hugo: