Foto: Marcos Corrêa/PR.

Nesta terça-feira (10), dia em que está marcada a votação da PEC do voto impresso no plenário da Câmara, ocorrerá um desfile de veículos militares, que passarão em frente ao Palácio do Planalto.

O objetivo é entregar ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Braga Netto, convites para um exercício da Marinha marcado para o dia 16 de agosto.

“Nesta terça-feira, pela manhã, comboio com veículos blindados, armamentos e outros meios da Força de Fuzileiros da Esquadra, que partiu do Rio de Janeiro, passará por Brasília, a caminho do Campo de Instrução de Formosa. Na oportunidade, às 8h30, no Palácio do Planalto, serão entregues ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao Ministro da Defesa, Walter Souza Braga Netto, os convites para comparecerem à demonstração operativa”, diz trecho de nota divulgada pela Marinha.

O exercício militar marcado para a semana que vem é a Operação Formosa, que ocorre desde 1988 na cidade de mesmo nome, em Goiás, a cerca de 90 quilômetros de Brasília. É o maior treinamento da Marinha no Planalto Central e será a primeira vez em que o convite ocorrerá com um desfile de blindados.

O passeio de veículos militares em frente ao Palácio do Planalto, ao lado do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, ocorre não apenas na semana em que a Câmara votará a PEC do voto impresso – tida por Bolsonaro como imprescindível para a ocorrência de eleições em 2022 -, mas também em meio a uma crise institucional entre os Poderes – principalmente Executivo e Judiciário.

Bolsonaro há tempos vem fazendo ameaças ao Supremo Tribunal Federal e, nas últimas semanas, subiu ainda mais o tom, dirigindo ataques a ministros da Corte e ao Tribunal Superior Eleitoral, além de afirmar que poderia adotar medidas “fora das quatro linhas da Constituição” e ameaçar, por reiteradas vezes, o pleito do ano que vem.

Na quinta-feira (05), o presidente do STF, ministro Luiz Fux, cancelou uma reunião com Bolsonaro. Em discurso contundente, disse que “diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que, infelizmente, não temos visto no cenário atual”.

Partidos

O Psol e a Rede entraram com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal pedindo o cancelamento do desfile das Forças de Fuzileiros da Esquadra.

Na inicial, os partidos sustentam que um desfile militar inusual, nunca visto antes na capital do país, salvo quando do golpe militar de 1964, aliado aos discursos recentes de Bolsonaro ameaçando golpe ou atuar fora das “linhas democráticas” se apresenta como flagrante abuso de autoridade.

“É inadmissível qualquer ameaça, mesmo que simbólica, porquanto séria, eis que vinda do presidente da República e das forças armadas, de quebra da ordem democrática”, diz trecho da petição inicial.

Mais cedo, o ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, Raul Jungmann, classificou a iniciativa como um teatro promovido por Jair Bolsonaro na tentativa de demonstrar força, revelando, isto sim, sua fraqueza.

Operação Formosa

Segundo a Marinha, a operação contará com mais de 2,5 mil militares, das três Forças. A participação do Exército e da Aeronáutica também é inédita. Foram transportadas 1,5 mil toneladas de equipamentos do Rio de Janeiro para Brasília, num deslocamento de mais de 1,4 mil km. Ao todo, entre blindados, carros de combate, lançadores de mísseis e foguetes e aeronaves, serão 150 veículos, que simularão uma operação anfíbia. O ministério da Defesa, no entanto, não especificou quantos deles passearão pelo Palácio do Planalto e arredores.

Fonte: site ConJur.