Lula concedeu entrevista coletiva no Maranhão ao lado do governador Flávio Dino (PSB). Foto: Reprodução/Twitter.

Antes de viajar para Fortaleza, o ex-presidente Lula concedeu entrevista coletiva em São Luís do Maranhão, onde tratou de vários temas da política nacional. Para o petista, é preciso ter muito senador e deputado federal progressista no Congresso Nacional para garantir a governabilidade de um eventual Governo de esquerda.

O líder político destacou interesse por legendas do campo da esquerda e centro-esquerda e citou algumas delas, como PDT, PT, PSOL, PSB e PCdoB, mas também sinalizou diálogo com outras agremiações de espectro político diferente.

“É preciso ter muito senador e deputado no Congresso Nacional. Precisamos pensar muito no Poder Legislativo. Estou com sentimento que nessas eleições, os partidos progressistas terão que fazer esforço incomensurável para termos metade dos deputados congressistas para facilitar a governança no País”, disse.

Com um discurso mais aglutinador, Lula afirmou ter tomado a decisão de não alimentar ódio por eventuais injustiças cometidas contra ele nos últimos anos. “Não posso querer voltar às eleições pensando em me vingar de alguém. Só tem sentido se eu tiver compromisso de que a prioridade não é vingar ninguém. É acabar com a fome, gerar emprego, cuidar da pandemia para que o povo não seja rifado como foi feito pelo Governo Bolsonaro”, disparou.

“Minha mãe dizia: quando um não quer, dois não brigam. Se eu ficar remoendo pessoas que falaram bobagem… Quero governar o País para favorecer o povo brasileiro e não ficar remoendo o que fizeram comigo” – (Lula)

O petista afirmou que a polarização no pleito do próximo ano se dará entre aqueles que defendem a democracia e os defensores do fascismo. “E daí polarização é entre o fascismo e a democracia. E acho que a gente tem que polarizar mesmo. Quem quiser escolher o fascismo vai escolher”.

Centrão

Lula afirmou, ainda, que vai conversar com todas as lideranças políticas possíveis. No Maranhão, inclusive, teve encontro com o governador Flávio Dino (PSB), que estava presente na coletiva de imprensa, e com o ex-presidente do Senado, Jose Sarney, do MDB. “Vamos conversar com todo mundo. Não pergunto pra pessoa se ela tá no Centrão ou não, quero ouvir de cada um qual é o compromisso que a pessoa tem com o Brasil. Eu quero saber se eles estão conformados com esse tanto de gente na rua, com esse tanto de gente passando fome”.

Ainda sobre o Centrão, o petista afirmou que membros do bloco político se uniram ao Governo Bolsonaro na tentativa de “salvar” a atual gestão, o que em sua opinião não é possível porque o atual presidente é “ingovernável”. “Quando chegar em julho de 2022 vocês vão ver quantos do Centrão vão continuar com o Bolsonaro e quantos vão pular do barco pra tentar se salvar. Como você não tem muitos partidos ideológicos no Brasil, muitos pensam eleitoralmente na cidade deles”.

Regulação dos meios de comunicação

Lula fez uma autocrítica quanto a não realização da regulação dos meios de comunicação. O novo marco regulatório da imprensa, na opinião do petista, não deve ser feito ao modelo do que é adotado na China e em Cuba, mas como o de países como Inglaterra e Alemanha. “Vamos ter o compromisso público de fazer um novo marco regulatório da comunicação do Brasil. E discutir com a sociedade a regulação da Internet, para que se transforme em uma coisa do bem, que possa ajudar a sociedade e não facilitar a criação de monstros, como tem sido feito no Brasil, através de Bolsonaro”.