Preconceito, espaços de decisões, desafios e Reforma Administrativa foram alguns dos assuntos tratados pela sindicalista Ana Miranda na entrevista. Foto: Blog do Edison Silva.

A enfermeira e integrante do SindiFort (Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza), Ana Miranda, reconhece avanços na ocupação de mulheres nos espaços de poder mas ainda de forma “tímida”. Ela explica que a luta por igualdade, apesar de antiga e histórica, anda longe de ter um ponto final. “Comumente encontramos homens representando mulheres, brancos representando negros”, disse a sindicalista em entrevista a Letícia Caracas nesta sexta-feira (02/7).

O longo caminho a ser combatido pelas mulheres é o que a realidade mostra, mesmo com mudanças visíveis na sociedade. O próprio SindiFort tem na presidência e na vice-presidência mulheres comandando a entidade.

Questionada sobre os desafios diários enfrentados por ela em consonância com lideranças majoritariamente masculina, Ana Miranda afirmou que é de conhecimento dela e da bancada feminina do Sindicato, atrelado ao papel de minoria. ”É um desafio a ser enfrentado com muita serenidade, que passa longe de ser resolvido. É necessário muita determinação; que nós mulheres tenhamos uma preocupação de construir novas lideranças femininas”.

Ela comentou acerca da cultura antiga, que ainda permeia nos dias atuais, na permanência de homens nas providências finais. ”Nós vemos vários homens reconhecendo os direitos das mulheres, defendendo as mulheres, mas os lugares de decisões ficam sempre para eles”, relatou a sindicalista. A enfermeira disse ainda que existe preconceito das próprias mulheres com outras, dando exemplos da sua própria atuação no sindicato. ”A visão de algumas mulheres sobre a vida de sindicalistas ainda é vista como fora dos padrões aceitáveis pela sociedade”.

Destacando a atuação feminina nos espaços de poder, que segundo Ana Miranda já foi comprovada em todas as instâncias; o raciocínio e a sensibilidade das mulheres em lidar com pessoas são muito melhores do que dos homens, pois são estabelecidos direitos necessários, que na grande maioria, os homens não enxergam.

Com a pandemia, a paralização total das atividades, e os resquícios do isolamento social, fez com que a classe operária feminina fosse ainda mais pressionada nos seus diversos âmbitos de atuação, seja no trabalho, no privado doméstico e familiar, as mulheres, principalmente as chefes de família, foram fortemente prejudicadas. No cenário cearense isso não foi diferente, a classe operária feminina não teve carga horária reduzida nem maiores direitos alcançados.

”Eu como servidora pública da classe feminina da enfermagem, nós não temos homens e mulheres no mesmo cargo com salários diferente ou com jornadas diferentes, mas nós ainda temos pouco espaço de tomada de decisões.

SindiFort 

Questionada acerca das preocupações dos servidores públicos municipais com a Reforma Administrativa, encaminhada pelo Governo Federal ao Congresso Nacional, a Ana Miranda afirmou que ainda não foi absorvido pelos servidores o ”desastre” da Reforma da Previdência, denominando o projeto da Reforma Administrativa como projeto de destruição” dos serviços públicos com a marginalização dos servidores.

A sindicalista disse ainda que a proposta está tramitando de forma mais rápida e facilitada em estados ditos como de direita e progressistas. “A gente [servidor público] ainda não entende o tamanho desse problema, desse desmonte (…) é tão feio que parece que estamos evitamos reconhecer a gravidade do momento”.

Confira a entrevista feita por Letícia Caracas com a sindicalista Ana Miranda: