Presidente Jair Bolsonaro durante motociata. Foto: Agência Brasil/Arquivo/Ueslei Marcelino/REUTERS/Direitos reservados.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro e o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso.

Durante uma motociata  na região metropolitana de Porto Alegre, com apoiadores, neste sábado (10/7), sem usar máscara, Bolsonaro disse que ministro Luís Roberto Barroso “não tem moral” e não “deveria estar no Supremo, mas sim no Parlamento”.

“O ministro Barroso defende a redução da maioridade para estupro de vulnerável, ou seja, beira a pedofilia o que ele defende. Também defende o aborto, a legalização das drogas”, afirmou o presidente.

Foi apenas mais um ataque de Bolsonaro ao ministro em uma semana marcada por ameaças do presidente às instituições democráticas.

À medida que seu desempenho nas pesquisas eleitorais vem caindo, Bolsonaro desce ainda mais o nível de seus ataques à mais alta Corte de Justiça do país e seus ministros. Ele chegou a questionar a possibilidade de haver eleições livres no Brasil em 2022, o que reforça a prática de crime de responsabilidade.

No evento na capital gaúcha, Bolsonaro também questionou a última pesquisa divulgada pelo Datafolha que apontou o ex-presidente Lula na liderança da corrida presidencial e voltou a insinuar que a urna eletrônica não é confiável.

“Se aquele de nove dedos (Lula) tem 60%, segundo o Datafolha, vamos fazer o voto impresso e auditável pra ver se ele ganha realmente no primeiro turno”, afirmou o presidente ao defender a PEC do voto impresso, que tramita no Congresso Nacional.

Ele ainda criticou a confiabilidade das urnas eletrônicas mais uma vez: “O que o Barroso quer é a volta da roubalheira, a volta da fraude eleitoral”, disse, segundo o Estadão.

O presidente já foi instado a se explicar sobre suas frequentes alegações de fraude nas urnas eletrônicas (o método pelo qual se elegeu quatro vezes como deputado e uma como presidente).

Em 21 de junho, o ministro Luís Felipe Salomão, do TSE, mandou Bolsonaro apresentar provas das acusações que vem fazendo desde 2018, quando foi para o segundo turno da eleição para presidente. O prazo para manifestação se esgotaria na última quarta-feira (7/7), mas foi suspenso em virtude do recesso judiciário.

Processo de impeachment
O Datafolha divulgou outra pesquisa neste sábado (10/7) que mostra que, pela primeira vez desde abril de 2020, a maioria dos brasileiros é favorável ao impeachment do presidente: são 54% a favor e 42% contra. A pesquisa ouviu 2.074 pessoas maiores de 16 anos, em todo o país, entre 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Desde o início do mandato, já chegaram à Câmara mais de 120 pedidos de impeachment do presidente. Apesar de ter repudiado os ataques às instituições feitos por Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, sinalizou que não deve pautar os pedidos (apesar de ter a obrigação legal de fazê-lo).

“Deixemos que o eleitor tenha emprego e vacina, que deixe o seu veredito em outubro de 2022 quando encontrará com a urna; essa sim, a grande e única juíza de qualquer disputa política. O nosso compromisso é e continuará sendo trabalhar pelo crescimento e a estabilidade do país”, afirmou Lira pelo Twitter.

Fonte: site ConJur.