Lira reiterou a importância do financiamento público nas eleições brasileiras. Foto: Reprodução.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas/AL), declarou nesta quarta-feira (28), que espera votar as reformas tributária (PL 2337/21) e política (PEC 125/11) com a volta dos trabalhos após o recesso legislativo que vai até o dia 31 de agosto.

Ele ainda afirmou que a agenda legislativa inclui a privatização dos serviços postais (PL 591/21) e a Reforma Administrativa (PEC 32/20), que segundo ele deve entrar na pauta do Plenário até novembro.

Lira disse que a reforma tributária pode ser votada com “muita tranquilidade”. De acordo com ele, o assunto já se encontra bem amadurecido entre os líderes partidários.

“A Câmara, com muita tranquilidade, transparência e paciência, deixou o projeto por mais 15 dias do recesso para que sofresse críticas construtivas e recebesse propostas para melhorar o ambiente de negócios com um imposto mais justo”, explicou.

O alagoano destacou a importância de baixar o Imposto de Renda (IR) do setor produtivo.

“No Brasil, nós temos que nos acostumar com impostos mais justos, pagar mais quem ganha mais”, disse. O presidente da Casa apontou para a necessidade das reformas e privatizações para ajustar a máquina pública, tornando-a mais simples, mais ágil e mais moderna. “Que o Brasil possa precificar o serviço público, sem retirar de nenhum servidor nenhum direito adquirido”, pontuou.

Partidos e eleições

Arthur Lira negou que a reforma política esteja sendo feita às pressas. “Não tem açodamento. A comissão especial ainda tem muito embate e discussão, o que é normal”, comentou. Ele avalia que o sistema eleitoral deve manter a previsão de enxugamento do número de partidos. “Ajustes precisam ser feitos. Estamos indo para o caminho de fusões partidárias e extinção de siglas que não alcançarão a cláusula de barreira. Teremos um sistema político mais estável”, prevê.

O progressista ainda destacou a importância de prestigiar o voto para as mulheres, com vagas fixas na Câmara dos Deputados. Ele ainda avalia que o modelo do “distritão”, que adota as eleições majoritárias para as vagas de deputados federais e estaduais, deve ser decidido apenas no Plenário.

“Os presidentes de partido estão pensando de uma forma e os deputados de outra”, observou.

Sobre a proposta de adoção do voto impresso, o alagoano declarou que confia na Justiça Eleitoral e lembrou que foi eleito pelo sistema atual das urnas eletrônicas por oito vezes. No entanto, o presidente da Câmara considera possível aumentar o rigor de auditagem das eleições.

“Vamos ter eleições limpas e transparentes em outubro do ano que vem. Não tem possibilidade de ruptura política democrática no Brasil. Trabalhamos sempre para apaziguar, manter o equilíbrio e fazer com que o Brasil tenha previsibilidade. Não há outra maneira senão eleições limpas e transparentes. qualquer outra maneira não tem apoio institucional do Congresso”, assegurou Lira.

Fundo Eleitoral e Orçamento

O deputado alagoano esclareceu que o valor do Fundo para Financiamento da Campanha Eleitoral do ano que vem só será definido com a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA), entre novembro e dezembro.

Ele observou que uma estimativa, com base no orçamento da Justiça Eleitoral dos últimos anos, aponta que o valor do fundo aumentaria de R$ 2 bilhões para quase R$ 4,4 bilhões, mas não para R$ 5,7 bilhões, como foi divulgado após a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLN 3/21) antes do recesso parlamentar.

Arthur Lira ponderou que as eleições do ano que vem têm mais candidatos do que as eleições municipais e, sem financiamento privado, o financiamento público é necessário. “Se não tiver orçamento, talvez vai vir recursos das milícias e do tráfico”, alertou.

Vacinação e economia

O presidente da Câmara celebrou a aceleração do Programa Nacional de Vacinação contra o novo coronavírus (Covid-19). “Estamos chegando a 100 milhões de vacinados com a primeira dose. Vamos ser o país que mais vai vacinar no mundo até novembro”, aposta.

Arthur Lira notou que, com isso, há uma previsão muito forte de crescimento na economia, na indústria e no setor primário. “Voltaremos ao normal que nós tínhamos. Passamos por momentos muito difíceis. Que tenhamos em 2021 um ano mais arrumado. O Brasil é um país forte, com povo trabalhador e todas as condições para receber investimentos externos”, disse.

Ele novamente pediu a união de todos para o combate à pandemia. “Não temos receita pronta, temos que nos unir. No Congresso fizemos tudo para atender estados e municípios, enquanto o governo federal repassou os recursos”, lembrou.

“Precisamos focar no interesse comum, nas pessoas que estão na linha de frente do combate. O erro a gente apura depois que acabar a guerra. A partir daí a gente pode julgar quem errou”, expressou.

Casa Civil

Lira aproveitou para elogiar a indicação do senador Ciro Nogueira (Progressistas/PI) para o ministério da Casa Civil. “Ciro Nogueira é um político com vasta experiência, tem bom trânsito e articulação. Faz a boa política que sofre preconceitos. Sem política não melhoramos em nada”, ponderou.

O presidente da Câmara espera que o novo ministro proporcione uma articulação maior com o Congresso, com mais conversas e firmeza nas posições do governo. “É o ministério mais importante, que organiza a espinha dorsal do governo. Precisamos ter previsibilidade e tranquilidade, para que o País saia deste sobressalto”, disse.

De acordo com Arthur Lira, sua relação com Ciro Nogueira sempre foi de amizade, cordialidade e parceria dentro do partido. “É uma visão clara de que o governo quer conexão política. Demonstra que o caminho é o diálogo e não há risco nenhum à democracia”, analisou.

O presidente da Câmara ainda destacou a importância dos partidos de centro para sustentar os presidentes eleitos, que precisam do apoio do Parlamento para votar as propostas das eleições.

“Enquanto não avançarmos com a reforma eleitoral e diminuirmos o número de partidos, o governo de coalizão sempre será a saída. O importante é que sabemos de nossa missão: dar estabilidade e votar pautas que interessam ao Brasil, independentemente de governo, sabendo dos limites e responsabilidades, ainda mais saindo da pandemia”, analisou.

Impeachment

Ao comentar sobre os pedidos de abertura de impeachment, o alagoano afirmou que não há característica que fundamente uma ruptura institucional no momento. Ele novamente defendeu discussão na Câmara sobre o regime semipresidencialista, que na sua opinião poderia reduzir a instabilidade política.

O presidente da Câmara ponderou que o semipresidencialismo seria adotado somente em 2026, e não nas próximas eleições. “Aí sim seria casuísmo”, comentou.

Arthur Lira ainda lembrou que todos os presidentes eleitos após a redemocratização tiveram pedidos de abertura de impeachment.

“Ibsen Pinheiro abriu o processo contra Collor. Aécio Neves não abriu contra Fernando Henrique Cardoso. Arlindo Chinaglia não abriu contra Lula. E Eduardo Cunha abriu o processo contra Dilma Rousseff”, relatou. “Herdei quase 70 pedidos de impeachment que não foram analisados pelo ex-presidente da Câmara”, lembrou.

Com informações da Câmara dos Deputados.