Na foto, Domingos Filho, Domingos Neto, Gilberto Kassab e Cid Gomes, na residência do senador em 2019 em Fortaleza. Foto: Divulgação.

O deputado federal Domingos Neto (PSD), apoiado na força do seu partido, quer um lugar na chapa majoritária do grupo governista que disputará, em 2022, a sucessão do governador Camilo Santana (PT) e uma vaga no Senado Federal, aberta com o encerramento do mandato do senador Tasso Jereissati, a quem Camilo pretende suceder. O PSD cearense, com o resultado das eleições municipais de 2020, consolidou-se como o segundo maior partido da aliança governista em números de prefeitos eleitos no Estado.

Domingos Neto, na última segunda-feira (21), em entrevista para o Blog do Edison Silva, confirmou a sua pretensão. Ele não disse que cargo quer, mas sabendo-se que o candidato a governador será um nome do PDT, e que Camilo é o postulante natural para a única vaga de senador, aos demais aliados só restam o lugar de vice-governador. O PP, que também tem expressivo número de prefeitos, após a filiação do deputado estadual Zezinho Albuquerque (PDT) à sigla, quer indicar o cabeça de chapa ou apoiar o nome do pedetista Mauro Filho.

Os dois partidos são os principais parceiros do PDT cearense. São muito importantes na aliança, principalmente numa das partes mais significativas da campanha, a da propaganda eleitoral. Porém, no momento, os dois têm projetos diferentes no plano nacional. O PSD alimenta um projeto de ter candidato próprio à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. O PP já é considerado o principal parceiro do presidente Bolsonaro na sua campanha para manter-se no cargo. O PDT continua com a campanha de Ciro, desde quando terminou o pleito de 2018. Tanto o PSD quanto o PP, segundo os seus dirigentes do Estado, estarão livres no Ceará para definirem suas alianças, independentemente das coligações para a disputa presidencial.

Só no próximo ano, afirmam alguns governistas, o senador Cid Gomes (PDT) tratará sobre candidaturas. Enquanto esse momento não chega seus correligionários seguem a caminhada na busca de fortalecerem-se nas bases, embora, pelos exemplos das últimas campanhas, a palavra final sobre as candidaturas majoritárias não contemplam, necessariamente, os que tenham reunido maior apoio. O PSD, pela sua musculatura (prefeitos e tempo de propaganda eleitoral), tem cacife para pleitear a posição. O PP, idem. Porém, na chapa majoritária só existirão três nomes. Por isso, a presidência da Assembleia Legislativa deverá entrar no pacote de negociações.

Sem descartar um acordo que permita a eleição de um governador “tampão”, admitindo-se a renúncia do governador Camilo Santana e da vice-governadora Izolda Cela, como aconteceu quando Ciro e Lúcio Alcântara renunciaram, permitindo a eleição de Chico Aguiar para concluir o mandato deles, a presidência da Assembleia é a posição mais importante almejada por deputados e seus partidos depois dos cargos do Executivo. Os principais partidos do grupo governista precisam estar devidamente acordados para o bom êxito da campanha, embora as perspectivas sejam alvissareiras para o sucesso eleitoral da situação.

Embora PSD e PP tenham crescido no Ceará à sombra do Governo, as suas lideranças têm projeto de curto prazo para ganharem o Governo. Nas eleições de 2022, porém, aceitarão um nome do PDT para governador e respeitarão o de Camilo para o Senado, mas em seguida, embora continuando a engorda no banquete oficial, com os empregos e benefícios das obras, trabalharão para chegar no futuro com condições diferentes das de agora, com mais protagonismo.

Jornalista Edison Silva analisa as pretensões políticas do PSD e do PP nas eleições cearenses de 2022: